"Temos necessidade imediata de alimentos, de água, de combustível, de medicamentos, são muito necessários e de uma forma duradoura", referiu António Guterres, na capital egípcia.
"É necessária não uma pequena operação, mas um esforço prolongado (...), os [trabalhadores] humanitários devem conseguir fazer entrar a ajuda e distribui-la com toda a segurança" na Faixa de Gaza, acrescentou o representante, durante uma conferência de imprensa.
Guterres também pugnou pela libertação dos reféns detidos pelo movimento islamita Hamas, que domina a Faixa de Gaza, e disse que a sua deslocação ao Egito também se destina a fornecer "apoio maciço ao povo de Gaza porque a proteção dos civis é imprescindível", da mesma forma que recordou que "qualquer ataque a hospitais, escolas e instalações está proibido".
Insistiu ainda que "o povo palestiniano tem motivos legítimos e profundos, após 56 anos de ocupação", apesar de salientar que estas circunstâncias "não podem justificar um ataque terrorista", que não deverá justificar "um castigo coletivo contra o povo palestiniano".
O chefe da ONU indicou que "a única esperança" de "salvar vidas para o povo de Gaza" passa pelo aeroporto de Al Arish, norte da península do Sinai egípcio e próximo da fronteira de Rafah, para fazer chegar a ajuda humanitária de forma segura.
Guterres manteve hoje uma reunião com o chefe da diplomacia egípcia, Sameh Shukri, na qual foram abordados aspetos da coordenação para permitir a entrada urgente de ajuda humanitária na Faixa de Gaza -- que deverá iniciar-se na sexta-feira de acordo com um 'media' egípcio -- e reduzir a escalada de violência.
De acordo com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, Ahmed Abu Zeid, esta reunião insere-se "num esforço conjunto e de coordenação para reduzir a escalada e conter a crise humanitária na Faixa de Gaza".
Na quarta-feira, Guterres apelou pela primeira vez a um cessar-fogo imediato humanitário na zona, de forma a diminuir o sofrimento humano provocado pelo conflito em curso.
O secretário-geral da ONU deve participar no próximo sábado numa cimeira internacional no Egito, com a participação de diversos líderes mundiais.
O encontro deverá abordar o desenvolvimento da crise militar e humanitária na Faixa de Gaza e o "futuro da causa palestiniana", na sequência do atual conflito que desde 07 de outubro já provocou pelo menos 3.785 mortos entre os palestinianos e mais de 12.493 feridos na sequência dos ininterruptos bombardeamentos israelitas.
Hoje cumpre-se o 13.º dia de guerra, iniciada com o ataque surpresa do grupo islamita Hamas em território israelita que provocou, segundo as autoridades judaicas, cerca de 1.400 mortos e 4.000 feridos.
O movimento islamita capturou também 200 pessoas, mantidas em cativeiro em Gaza e algumas delas entretanto mortas -- segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas. Outras milícias capturaram mais 50 pessoas, o que perfaz um total de 250 reféns.
[Notícia atualizada às 18h45]
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