Sonko encetou uma nova greve de fome, na passada semana, para protestar contra a sua detenção.
"O imprevisível pode acontecer a qualquer momento, pois pode apanhar de surpresa o serviço de vigilância e de cuidados hospitalares", declarou hoje na rede social X (antigo Twitter), El Malick Ndiaye, porta-voz do partido Patriotas Senegaleses do Trabalho, da Ética e da Fraternidade (Pastef, no acrónimo em francês).
"Apelo solenemente ao Presidente da República e à ministra da Justiça, que têm o poder de ativar mecanismos que não ponham em causa a separação de poderes e que sejam coerentes com os direitos cívicos individuais, garantidos e protegidos pelos instrumentos internacionais dos direitos humanos", acrescentou.
O porta-voz do Pastef apelou ainda às "autoridades religiosas" e à comunidade internacional para que usem a sua influência e evitem "o irreparável", que teria "consequências graves para a paz, a segurança e a estabilidade na sub-região".
Em 17 de outubro, Sonko anunciou que tinha iniciado uma nova greve de fome para protestar contra a sua detenção e a de alguns dos seus apoiantes, depois de ter sido hospitalizado em agosto devido a uma primeira greve de fome.
Segundo a imprensa senegalesa, Sonko permaneceu no hospital depois de ter suspendido, em 02 de setembro, a primeira greve de fome, iniciada em 30 de julho e que o levou a ser hospitalizado numa unidade de cuidados intensivos devido à deterioração do seu estado de saúde.
Apesar desta situação, o líder da oposição recebeu recentemente uma boa notícia quando, em 12 de outubro, um tribunal decidiu retirá-lo de uma lista que o impedia de participar nas eleições presidenciais previstas para 24 de fevereiro.
O representante legal do Estado senegalês anunciou, no entanto, que vai recorrer da decisão, argumentando que o juiz é irmão de um colaborador de Sonko e membro do Pastef, formação partidária que foi dissolvida pelas autoridades em 31 de julho.
O tribunal tomou a decisão depois de o Supremo Tribunal do Senegal ter rejeitado, em 06 de julho, um recurso da oposição contra a decisão das autoridades de impedir o seu partido de receber formulários de recolha de patrocínios para as eleições, necessários para financiar a sua campanha.
O órgão responsável por esta decisão, a Direção Geral das Eleições (DGE), utilizou como argumento o facto de Sonko já não constar das listas eleitorais depois de ter sido condenado, em 01 de junho, por "corrupção de menores" no caso de uma jovem massagista que o acusou de violação e de a ter ameaçado de morte.
Seguiram-se violentos protestos que causaram pelo menos 16 mortos, segundo o Governo, número que a Amnistia Internacional elevou para 23.
Além disso, o líder da oposição está detido desde julho e as autoridades acusaram-no, entre outras coisas, de apelar à insurreição, de atentar contra a segurança do Estado e de associação criminosa a uma empresa terrorista.
Na sequência da sua detenção, eclodiram na capital, Dacar, e noutras cidades do país, confrontos entre a polícia e apoiantes de Sonko, que causaram pelo menos dois mortos.
Conhecido pelo seu discurso "antissistema" e pelas suas críticas à corrupção e ao neocolonialismo francês, Sonko denunciou a "instrumentalização" da justiça pelo Presidente senegalês, Macky Sall, para o impedir de se candidatar às eleições de 2024.
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