Correspondente da Al Jazeera em Gaza perde a família em ataque israelita

"Sabíamos que a ocupação israelita não nos deixaria sem punir-nos", reagiu o jornalista.

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© MAJDI FATHI/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
25/10/2023 19:21 ‧ 25/10/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Israel/Palestina

Um correspondente da Al Jazeera na Faixa de Gaza perdeu a família na sequência de um ataque israelita.

Mohamed Moawad, editor da Al Jazeera, revelou, através da rede social X (antigo Twitter), que o jornalista Wael Dahdouh perdeu a esposa e os dois filhos - uma rapariga e um rapaz. Mais tarde, a estação revelou que também o neto bebé de Dahdouh havia perdido a vida.

O correspondente foi informado da morte da família enquanto cobria "os ataques ininterruptos" de Israel a Gaza.

A família morreu num ataque que atingiu um abrigo para onde tinham fugido para se proteger.

Ao partilhar a triste notícia, Mohamed Moawad partilhou um vídeo, na qual é possível ver o jornalista a deixar o hospital para onde foram levados os seus familiares.

Já em declarações à Al Jazeera, Wael Dahdouh explicou que a família foi atacada no sul da Faixa de Gaza, para onde viajaram após a ordem de Israel para evacuar o norte do enclave. 

"O que aconteceu está claro; faz parte do contínuo ataque às mulheres e crianças em Gaza. Eu estava apenas a informar sobre os ataques israelitas que atingiram a área de Nuseirat", disse. "Sabíamos que a ocupação israelita não nos deixaria sem punir-nos. Eles estão a vingar-se das crianças. Mas as nossas lágrimas são humanas, não por cobardia", acrescentou.

A cadeia de televisão, que tem sede em Doha, no Qatar, emitiu um comunicado a confirmar a tragédia e mostrou imagens do jornalista na morgue, completamente devastado, sem fôlego e engasgando-se com as suas próprias lágrimas, enquanto via e agarrava os cadáveres ensanguentados dos seus filhos, de 15 e 7 anos. O Notícias ao Minuto optou por não partilhar estas imagens devido à violência das mesmas.

As imagens chocaram os jornalistas árabes que ainda trabalham em Gaza e suscitaram uma onda de condenação contra os ataques à comunicação social e aos civis no sul da Faixa de Gaza.

"Manifestamos a nossa preocupação com a segurança dos nossos correspondentes e equipas em Gaza", afirmou a Al Jazeera no comunicado, no qual condenou "o ataque indiscriminado e a morte de civis inocentes em Gaza, que resultou na perda trágica da família de Wael al-Dahdouh e de inúmeras outras pessoas".

Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza provocaram até agora mais de 6.500 mortos - cerca de metade dos quais crianças - e mais de 17.000 feridos, no que é já a pior catástrofe humana jamais vivida no enclave.

[Notícia atualizada às 23h16]

Leia Também: A busca por sobreviventes e a luta para (sobre)viver. Assim está Gaza

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