Um correspondente da Al Jazeera na Faixa de Gaza perdeu a família na sequência de um ataque israelita.
Mohamed Moawad, editor da Al Jazeera, revelou, através da rede social X (antigo Twitter), que o jornalista Wael Dahdouh perdeu a esposa e os dois filhos - uma rapariga e um rapaz. Mais tarde, a estação revelou que também o neto bebé de Dahdouh havia perdido a vida.
O correspondente foi informado da morte da família enquanto cobria "os ataques ininterruptos" de Israel a Gaza.
A família morreu num ataque que atingiu um abrigo para onde tinham fugido para se proteger.
Ao partilhar a triste notícia, Mohamed Moawad partilhou um vídeo, na qual é possível ver o jornalista a deixar o hospital para onde foram levados os seus familiares.
Já em declarações à Al Jazeera, Wael Dahdouh explicou que a família foi atacada no sul da Faixa de Gaza, para onde viajaram após a ordem de Israel para evacuar o norte do enclave.
"O que aconteceu está claro; faz parte do contínuo ataque às mulheres e crianças em Gaza. Eu estava apenas a informar sobre os ataques israelitas que atingiram a área de Nuseirat", disse. "Sabíamos que a ocupação israelita não nos deixaria sem punir-nos. Eles estão a vingar-se das crianças. Mas as nossas lágrimas são humanas, não por cobardia", acrescentou.
Aljazeera' s brave veteran journalist Wael Dahdouh's wife, son and daughter were killed in an Israeli airstrike which targeted a shelter house they had fled to. Wael received the news while on air covering the nonstop Israeli strikes on Gaza! pic.twitter.com/G2Z8UreboU
— Mohamed Moawad (@moawady) October 25, 2023
A cadeia de televisão, que tem sede em Doha, no Qatar, emitiu um comunicado a confirmar a tragédia e mostrou imagens do jornalista na morgue, completamente devastado, sem fôlego e engasgando-se com as suas próprias lágrimas, enquanto via e agarrava os cadáveres ensanguentados dos seus filhos, de 15 e 7 anos. O Notícias ao Minuto optou por não partilhar estas imagens devido à violência das mesmas.
As imagens chocaram os jornalistas árabes que ainda trabalham em Gaza e suscitaram uma onda de condenação contra os ataques à comunicação social e aos civis no sul da Faixa de Gaza.
"Manifestamos a nossa preocupação com a segurança dos nossos correspondentes e equipas em Gaza", afirmou a Al Jazeera no comunicado, no qual condenou "o ataque indiscriminado e a morte de civis inocentes em Gaza, que resultou na perda trágica da família de Wael al-Dahdouh e de inúmeras outras pessoas".
Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza provocaram até agora mais de 6.500 mortos - cerca de metade dos quais crianças - e mais de 17.000 feridos, no que é já a pior catástrofe humana jamais vivida no enclave.
[Notícia atualizada às 23h16]
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