Apesar das dificuldades que enfrenta, e da classificação ser ainda bastante elevada, Moçambique apresentou melhorias face aos resultados anteriores, de 2015, quando tinha 37 pontos na escala do índice e estava identificado como "alarmante", baixando agora para 30,5 pontos.
O conflito armado que afeta o norte do país, desde 2017, é um dos principais fatores que contribuem para a crise alimentar, explicou hoje o diretor da Ajuda em Ação em Moçambique, Jesús Perez, durante a sessão de apresentação do relatório do Índice Global da Fome 2023.
A organização não-governamental (ONG) está presente em Cabo Delgado, a região afetada pelo conflito armado nos últimos anos, e zona capital do país, Maputo, explicou o diretor, referindo ainda que as duas localidades representam realidades muito díspares.
A Ajuda em Ação já ajudou cerca de 62 mil pessoas em Moçambique, e Cabo Delgado representa 80% das operações da ONG, numa população que caracterizam como sendo predominantemente rural.
"Cerca de 48,8% da população de Cabo Delgado vive na pobreza, e é uma zona rural com atividades de subsistência", declarou Jesús Perez.
Na mesma região, Jesús Perez referiu ainda que "53% das crianças com menos de 5 anos têm atrasos no crescimento", e que "a maioria da população tem menos de 29 anos".
A violência armada piora a segurança alimentar, frisou o diretor da ONG no local.
A associação tenta ajudar os jovens a conseguirem emprego para que, consequentemente, tenham meios para garantir os alimentos.
"Se as pessoas não têm dinheiro, não compram, vivem do que produzem", frisou o diretor.
Todavia, o diretor referiu que existe uma baixa permanência do setor empresarial na região, o que dificulta o acesso ao mercado de trabalho.
A falta de alimentos deve-se a vários fatores, que Jesús Perez referiu: por um lado os problemas climáticos como as secas, por outro as fracas infraestruturas que não garantem o acesso aos produtos, mas existe ainda o fator cultural de, por vezes, não se querer consumir o que há disponível.
Para isso, a associação investe também em sessões de sensibilidade alimentar para a integração de certos produtos na gastronomia local.
Neste momento, os elementos da ONG estão também a ajudar a desenvolver sistemas de rega através da energia solar e a ajudar os agricultores a conseguirem adquirir créditos, com o mínimo de juros possível, sendo que estes juros são regulados pelo Banco de Moçambique.
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