O comerciante de artigos de segunda mão revendeu a máscara tipicamente gabonesa num leilão em 26 de março de 2022, por um valor quase recorde para um objeto deste tipo, apesar dos protestos na sala, de gaboneses que pediam a sua devolução ao país de origem.
No processo, que teve início hoje em Alès (sul de França), dois advogados que representam o Governo de transição do Gabão pediram que a intervenção voluntária com fim de "conseguir a anulação sucessiva das vendas desta máscara, o seu repatriamento e a consignação dos fundos", segundo a advogada Olivia Betoe.
Num outro processo, os vendedores originais, um casal na casa dos oitenta anos, que tinha recorrido ao vendedor de bens em segunda mão em setembro de 2021 para se desfazerem de objetos que tinham acumulado na sua casa de férias na região do Gard (sul de França), exigem agora que a venda seja anulada.
O lote incluía a máscara de madeira esculpida, que tinha pertencido a um avô, antigo governador colonial em África, cujo valor desconheciam na altura, segundo o seu advogado.
A estética da máscara, da qual só restam cerca de uma dúzia no mundo, inspirou pintores como Modigliani e Picasso.
Só seis meses mais tarde é que o casal descobriu, através do seu diário, que o objeto é "uma rara máscara do século XIX, prerrogativa de uma sociedade secreta do povo Fang do Gabão", ia ser vendida num leilão em Montpellier.
O catálogo da leiloeira de Montpellier indica que foi "recolhida por volta de 1917, em circunstâncias desconhecidas, pelo governador colonial francês René-Victor Edward Maurice Fournier (1873-1931), provavelmente durante uma viagem ao Gabão".
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