Segundo a justiça russa, os detidos foram acusados de atos de 'hooliganismo', depois de os manifestantes, maioritariamente muçulmanos, terem invadido o aeroporto de Makhachkal, na capital do Daguestão, à procura de cidadãos israelitas que tinham chegado à cidade num voo proveniente de Telavive.
Centenas de pessoas tomaram conta do aeroporto e da pista de aterragem após apelos na plataforma de mensagens Telegram para se dirigirem à infraestrutura aeroportuária antes da chegada dos voos provenientes de Israel e para revistarem os aviões e os automóveis à procura de israelitas e judeus, num protesto contra o conflito entre Israel e o braço armado do movimento islamita Hamas.
Enquanto os meios de comunicação social públicos tentaram encobrir os distúrbios, as redes sociais criticaram duramente tanto os tumultos como a atuação da polícia, que durante horas deixou várias centenas de pessoas à solta à caça de judeus.
Alguns analistas alertaram que este incidente, tal como a rebelião armada do Grupo Wagner em junho, confirma que, no meio da guerra com a Ucrânia, o Estado russo está a perder o controlo sobre a situação no interior do país.
Durante a reunião extraordinária de segunda-feira com altos funcionários do governo, o Presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Ucrânia e os serviços secretos ocidentais de instigarem a agitação.
"Falou-se do reforço das medidas de combate à interferência externa, incluindo a manipulação da informação, que pode provocar a situação e tirar partido da situação no Médio Oriente", disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Putin, que apelou às forças de segurança para que garantam a ordem constitucional e defendam a harmonia étnica e religiosa na sociedade russa, acusou Kiev de, "sob a direção dos seus patrocinadores ocidentais, tentar provocar 'pogroms' na Rússia".
Segundo o líder da comunidade judaica do Daguestão, que inclui várias centenas de famílias, a polícia teve de assumir a segurança das sinagogas por receio de ataques.
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