Moçambique. Governo apreendeu 59 explosivos na posse de manifestantes

O ministro do Interior de Moçambique disse hoje no parlamento que a polícia já apreendeu 59 engenhos explosivos de fabrico caseiro nas mãos de manifestantes contra os resultados das eleições autárquicas, assinalando que "é inquestionável a perigosidade" destas ações.

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Lusa
01/11/2023 13:48 ‧ 01/11/2023 por Lusa

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Moçambique

"De referir que nestas manifestações, registamos um fenómeno novo de uso de engenhos explosivos de fabrico caseiro por parte dos cidadãos manifestantes. Assim, foram apreendidos, de mãos alheias, 59 engenhos, sendo 55 na cidade de Maputo e quatro na cidade de Nampula. Isto não é civilização", afirmou Pascoal Ronda.

Ronda falava em resposta a uma pergunta da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, que acusa a Polícia da República de Moçambique (PRM) de reprimir as manifestantes contra os resultados das eleições autárquicas de 11 de outubro por serem atos promovidos pela oposição.

O ministro do Interior considerou "inquestionável a perigosidade destas manifestações", sustentando que as autoridades registaram 130 protestos contra os resultados eleitorais, sendo "25 de caráter violento".

Pascoal Ronda afirmou que pessoas desconhecidas "detonaram 12 engenhos explosivos na viatura do diretor do STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral] da autarquia de Quelimane", província da Zambézia.

Na sequência dos atos violentos associados às eleições autárquicas, foram detidos 237 indiciados, dos quais 149 na província de Nampula, 33 na província da Zambézia, 23 na cidade de Maputo, 16 na província do Niassa, 11 na província de Sofala e cinco na província de Tete.

"Importa esclarecer que todas as detenções ocorridas no âmbito das manifestações resultam da violação da lei e não de qualquer pertença a qualquer filiação partidária", enfatizou Pascoal Ronda.

Uma pessoa perdeu a vida na cidade de Nacala e quatro agentes da polícia ficaram feridos, incluindo um que teve um dos braços amputados, acrescentou Ronda.

Aquele governante avançou ainda que os distúrbios resultaram igualmente em danos materiais no património público e privado, incluindo em quatro ambulâncias.

O ministro do Interior defendeu que a atuação da polícia visa a proteção dos manifestantes e da ordem, segurança e tranquilidade públicas, para que o direito à manifestação não entre em "colisão" com outros direitos fundamentais.

Pascoal Ronda sustentou que os incidentes relacionados com as eleições autárquicas seriam piores sem a intervenção da polícia.

O principal partido da oposição tem promovido marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada "megafraude" no escrutínio.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique, decorreram em 65 municípios do país, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.

Os resultados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.

De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), máximo órgão judicial eleitoral do país.

Leia Também: Moçambique. Estabilização de segurança abre perspetivas positivas

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