"Os combates entraram numa fase ainda mais aterrorizante", considerou Martin Griffiths, após regressar de uma visita de dois dias a Israel e aos territórios palestinianos ocupados.
Apelando a um acordo entre as partes em conflito, Israel e Hamas, para que haja "pausas nos combates", o chefe humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que esta "é a única forma viável de que chegará agora o fornecimento de ajuda a Gaza".
Estas pausas -- em princípio mais curtas do que um cessar-fogo -- "permitiriam também que os doentes e feridos procurassem assistência médica, e que aqueles que queiram fugir o façam em segurança", acrescentou o coordenador de assistência humanitária das Nações Unidas.
Griffiths sublinhou que os mais de 200 camiões que desde 21 de setembro conseguiram entrar em Gaza com alimentos e ajuda médica "oferecem algum alívio, mas não são suficientes".
O chefe humanitário condenou também o bombardeamento esta terça-feira ao campo de refugiados de Yabalia, no norte de Gaza, que provocou dezenas de mortos, sublinhando que "é mais uma atrocidade sofrida pela população de Gaza, onde os combates entraram numa fase ainda mais aterrorizante, com consequências humanitárias ainda mais terríveis".
"Mulheres, crianças e homens em Gaza estão a sofrer de fome, trauma, e morrem em bombardeamentos", indicou Griffiths, alertando também para o aumento de mortes em confrontos na Cisjordânia e o estado de "choque" em que Israel permanece depois do assassinato de 1.400 pessoas em 07 de outubro e a existência de mais de 200 reféns.
"Enquanto isso, o mundo parece incapaz ou sem vontade de agir, mas não podemos continuar assim, é necessária uma mudança radical", reforçou.
Neste âmbito, o chefe humanitário das Nações Unidas reiterou o apelo para que os Estados ou atores internacionais com influência nas partes em conflito exercerem essa influência para "garantir o respeito pelas regras da guerra", fazer com que diminua de intensidade e "evitar que se espalhe".
O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O terminal de Rafah, no sul de Gaza e a única passagem para o Egito, vai permitir que a ajuda humanitária chegue ao território palestiniano.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
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