Chefe das secretas da Sérvia demite-se alegando pressões do Ocidente

O chefe dos serviços secretos da Sérvia, próximo de Moscovo e alvo de sanções dos Estados Unidos, demitiu-se hoje depois de menos de um ano no cargo, defendendo que pretende evitar novos embargos contra o país dos Balcãs.

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Lusa
04/11/2023 00:06 ‧ 04/11/2023 por Lusa

Mundo

Aleksandar Vulin

Washington impôs em julho sanções a Aleksandar Vulin, acusando-o de envolvimento em envios ilegais de armas, tráfico de drogas e abuso de cargos públicos.

O gabinete do controlo de ativos estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano referiu que Vulin utilizou a sua posição para ajudar um traficante de armas sérvio sancionado pelos EUA a transportar remessas ilegais de armas através das fronteiras da Sérvia.

Vulin, que se tornou diretor da agência de inteligência da Sérvia (BIA) em dezembro de 2022, também é acusado de envolvimento numa rede de tráfico de droga, segundo as autoridades dos EUA.

Próximo do Presidente sérvio Aleksandar Vucic, Vulin já tinha servido como chefe do Exército e da polícia.

Vulin é conhecido por defender laços estreitos com a Rússia em vez do Ocidente, e por promover o conceito de um 'mundo sérvio', uma cópia do 'mundo russo' defendido pelo Presidente Vladimir Putin, que seria composto por todos os sérvios étnicos que vivem nos estados vizinhos.

O chefe de Estado sérvio sublinhou que a verdadeira razão pela qual Vulin enfrentou sanções dos EUA é a sua posição em relação à Rússia e não as alegações de corrupção.

"Os EUA e a UE [União Europeia] procuram a minha cabeça como pré-condição para não impor sanções à Sérvia", frisou Vulin, em comunicado.

"Não me permitirei ser a causa de chantagem e pressão sobre a Sérvia e o mundo sérvio. É por isso que apresento minha demissão irrevogável", acrescentou.

Vulin alertou ainda que a sua demissão "não mudará a política dos EUA e da UE em relação à Sérvia, mas irá abrandar novas exigências e chantagens".

Em agosto de 2022, Vulin visitou Moscovo numa rara visita de uma autoridade de um governo europeu à capital russa, desde o início da invasão russa da Ucrânia.

A viagem sublinhou a recusa de Belgrado em aderir às sanções ocidentais contra a Rússia.

Vulin disse na altura ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que "a Sérvia é o único estado da Europa que não introduziu sanções e não fez parte da histeria anti-russa".

A Sérvia é candidata à adesão à UE, mas a relação tensa do país com a sua antiga província do Kosovo frustrou a sua candidatura e a nação tem-se afastado durante anos do caminho para a comunidade europeia e está a mover-se em direção à tradicional aliada Rússia.

A destituição de Vulin tem estado entre as exigências dos protestos de rua que duraram meses pela oposição anti-Vucic na Sérvia, que eclodiram na sequência de dois tiroteios em massa no início de maio, que mataram 17 pessoas, incluindo crianças.

Leia Também: Líderes sérvio e kosovar interrompem conversações sem progressos

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