"O mundo está em guerra, mas a nossa guerra aqui não é contra as pessoas, é contra os mosquitos", afirmou José Maria Neves, na cidade da Praia, durante uma visita ao programa de Cabo Verde de luta contra a malária (paludismo).
A visita aos responsáveis do programa, no Palácio do Governo, aconteceu no âmbito do Dia da Defesa Nacional, instituído após a epidemia de dengue que assolou o país em 2009, e em que o envolvimento das Forças Armadas, de outras instituições de segurança e de organizações não-governamentais foi determinante no controlo da doença.
Cabo Verde está há cinco anos e nove meses sem qualquer caso autóctone de paludismo -- registou 26 casos importados em 2022 - e pretende obter ainda este ano a certificação de que está livre da doença.
Para o mais alto magistrado da Nação, vai ser um "ganho extraordinário", que vai dar mais visibilidade ao país e transmitirá ao mundo o empenhamento de Cabo Verde em ter, não só um crescimento inclusivo, mas também um país competitivo.
"Se repararmos o mapa de África, a nossa vizinhança e a situação de Cabo Verde, podemos perceber que há, efetivamente, um país que faz o seu trabalho de casa, numa área tão sensível como a saúde", constatou o chefe de Estado.
Ainda assim, entendeu que é preciso continuar a mobilizar todas as instituições do país, desde a sociedade civil, empresas, universidades, partidos políticos, igrejas, para manter-se livre do paludismo.
"Quando temos estes ganhos é quase como uma nova independência, estamos a ter ganhos para a sustentabilidade do país, para que o desenvolvimento seja, efetivamente, durável", salientou.
A ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, reafirmou que Cabo Verde está em fase final de obter a certificação da eliminação do paludismo, prevendo que aconteça ainda este ano.
"Estamos a fazer tudo por isso, aliás, da nossa parte já fizemos, nós estamos a aguardar a decisão da OMS [Organização Mundial da Saúde], mas estamos a torcer para que seja o nosso presente de Natal", previu.
A governante indicou que faltam duas das sete fases do processo de certificação, que é a recomendação final e a declaração por parte do diretor-geral da OMS.
Para a ministra, mais do que obter a certificação de país livre do paludismo, vai ser a manutenção desse estatuto, pelo que insistiu na necessidade do envolvimento de todos, por considerar que é um "marco muito importante", sobretudo neste momento pós-pandémico, em que segurança sanitária deve ser "a prioridade das prioridades".
A malária, uma doença curável, é transmitida a humanos através da picada de um mosquito infetado, sendo uma das principais causas de morte a nível global.
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