Na tarde de hoje, o som dos disparos continuava em Jenin, uma das principais cidades do norte da Cisjordânia, e no campo de refugiados palestinianos contíguo, cobertos por um espesso fumo negro, observou um jornalista da agência noticiosa France-Presse (AFP).
De acordo com a agência EFE, o número de mortos nos confrontos de hoje na Cisjordânia ascende a 16, o maior balanço diário de vítimas desde 2002, no "pico" da segunda Intifada.
Neste reduto dos grupos armados palestinianos, têm sido ouvidas várias explosões, sendo também audíveis numerosos disparos de armas ligeiras.
A agência noticiosa oficial palestiniana WAFA afirmou que uma "grande força do exército de ocupação", referindo-se a Israel, tinha invadido várias estradas em Jenin.
A mesma agência disse que o exército israelita destruiu estradas e outras infraestruturas com 'bulldozers', tendo disparado contra um grupo de palestinianos e que um paramédico estava entre os feridos. O Crescente Vermelho Palestiniano disse que uma ambulância foi atingida e um dos seus trabalhadores ficou ferido.
Israel confirmou um ataque aéreo ao campo de Jenin, um dos epicentros das operações de segurança dos últimos meses, incluindo uma operação em julho, a maior na Cisjordânia desde a segunda Intifada, há quase duas décadas.
Um avião militar atacou "indivíduos armados que representavam um perigo para as forças armadas", declarou o exército israelita num comunicado.
Os militares disseram que "terroristas dispararam" tiros e lançaram explosivos contra os soldados durante o ataque. O exército fez ainda seis detenções.
Desde o ataque do Hamas contra Israel, em 07 de outubro, foram detidas na Cisjordânia ocupada 1.430 pessoas, incluindo mais de 900 suspeitos de pertencerem ao grupo islamita que controla a Faixa de Gaza desde 2007.
As operações tiveram lugar um dia depois de cerca de 20 palestinianos terem sido baleados e feridos, incluindo um em estado crítico, numa operação do exército israelita na cidade de Belém.
A mesma operação deixou cinco outros feridos por estilhaços, segundo a agência noticiosa palestiniana WAFA.
As Nações Unidas afirmaram na semana passada que a situação na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental era "alarmante e urgente", face ao aumento das violações dos direitos humanos contra os palestinianos que residem nestes territórios.
Disseram também que "as forças israelitas têm utilizado cada vez mais táticas e armas militares nas operações de segurança".
De acordo com a Autoridade Palestiniana, o número de palestinianos mortos pelas forças israelitas e por ataques de colonos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ascende a mais de 160 desde 07 de outubro.
Nesse dia, o Hamas realizou ataques em Israel que causaram cerca de 1.400 mortos e raptou mais de 240 pessoas que mantém como refém na Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Os ataques desencadearam uma ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza que, até agora, causou a morte de mais de 10.500 palestinianos, de acordo com o Hamas.
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