"Um cessar-fogo humanitário que respeite o direito internacional deve ser alcançado [...]. Estou convencido de que podem exercer influência", disse o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, na intervenção perante dezenas de chefes de Estado de países árabes e muçulmanos, durante a cimeira de emergência árabe-islâmica que decorre hoje em Riade, para abordar a guerra em Gaza.
Lazzarini apelou também aos esforços de mediação para garantir a continuidade do fluxo de ajuda humanitária a Gaza, que, denunciou, chega aos poucos devido aos "procedimentos logísticos e de verificação dos camiões por parte de Israel".
"Só permitem a entrada de um número limitado de camiões em Gaza, temos de aumentar o volume e utilizar outros pontos de passagem", afirmou o responsável da UNRWA.
Até agora, apenas foi autorizada a entrada de ajuda através da passagem de Rafah, que liga o enclave palestiniano ao Egito, mas apenas cerca de 800 camiões entraram desde o início da guerra.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), antes do conflito entravam em Gaza uma média de 500 camiões por dia.
"O último mês tem sido incrivelmente doloroso para todos nós. A UNRWA está de luto pela morte de 101 colegas em Gaza", salientou Lazzarini, acrescentando que mais de 10 mil pessoas morreram no enclave e "muitas mais estão certamente ainda debaixo dos escombros".
As forças israelitas expulsaram mais de 1,5 milhões de pessoas do norte de Gaza e mais de 700.000 habitantes de Gaza estão a ser acolhidos em escolas e abrigos das agências da ONU no enclave, na pior catástrofe humanitária da sua história.
"Estive em Gaza na semana passada pela primeira vez desde o início da guerra. O que vi marcar-me-á para sempre. Todas as crianças que encontrei num abrigo da UNRWA me pediram pão e água", disse Lazzarini, que se queixou de que os palestinianos não têm "as condições mínimas para uma vida digna".
"Os bombardeamentos contínuos, juntamente com o cerco, estão a sufocar Gaza e a sua população. Os serviços básicos estão a entrar em colapso. Tudo está a acabar: água, alimentos, medicamentos e combustível", afirmou, referindo que, hoje, os habitantes de Gaza se sentem "desumanizados e abandonados".
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