A detenção ocorreu por volta das 12h00 na baixa da cidade de Maputo, capital moçambicana, quando um grupo de seis pessoas estava prestes a raptar um empresário moçambicano de origem indiana, disse Hilário Lole, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) na cidade de Maputo.
Do grupo, quatro pessoas são de nacionalidade moçambicana e duas sul-africana, avançou o Sernic.
"Destes seis foi possível neutralizar, no local, dois indivíduos que por sinal são pai e filho, um de 59 anos e outro de 28", referiu Hilário Lole, acrescentando que um dos supostos raptores estava em liberdade condicional, após ter sido condenado a 17 anos de prisão, em 2012, pela prática do mesmo tipo de crime.
Junto dos dois homens foram também apreendidas duas viaturas e obtidas "imagens de várias vítimas de raptos que iriam ocorrer após a execução" do rapto frustrado pela polícia moçambicana na quinta-feira.
"No âmbito da sua detenção foi possível colher várias informações de raptos ocorridos no passado, assim como raptos a serem executados", disse o porta-voz, referindo que as informações obtidas vão ajudar a "esclarecer os diversos casos de raptos que já ocorreram", assim como a prevenir "os futuros casos" na lista dos detidos.
Segundo o porta-voz do Sernic, a polícia está a desenvolver ações visando garantir a proteção do empresário que escapou ao rapto e da sua família.
"Queremos acreditar que com esse trabalho será possível termos uma certa acalmia por esses dias para essa prática dos crimes de rapto" a avaliar "pelo trabalho que está sendo feito pelo Sernic em coordenação com as diversas forças no terreno e com a congénere sul-africana", acrescentou Hilário Lole.
A polícia moçambicana disse, na quinta-feira, que o empresário Juneide Lalgy foi alvo de uma perseguição por desconhecidos, ocorrida no dia 08, na cidade da Matola, província de Maputo, tendo conseguido fugir até à sua empresa.
Após a ocorrência, a vítima apresentou uma queixa na 1.ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique, na cidade da Matola, indica-se numa nota da polícia.
Há 13 dias, uma jovem luso-moçambicana, de 26 anos, foi raptada por três homens armados em Maputo, quando saía de sua casa.
Em contacto com a Lusa no dia 08, o porta-voz Sernic na cidade de Maputo disse que "se está ainda a trabalhar" para esclarecer o caso, referindo ser "ainda prematuro" avançar qualquer informação sobre o rapto da jovem.
Contactado pela Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse que estava a acompanhar o caso, junto das autoridades moçambicanas.
No mesmo dia, o diretor do Sernic, Nelson Rego, reiterou que a instituição está "determinada" na criação de uma unidade especializada no combate aos raptos, alertando para a necessidade de "purificar" as fileiras da polícia.
Algumas cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser afetadas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou seus familiares.
O primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, anunciou no parlamento, em maio último, que foram já selecionados os agentes que vão trabalhar numa unidade especial de combate aos raptos que afetam as principais cidades do país.
"A primeira fase, já finalizada", da criação da unidade de combate aos raptos, "consistiu na seleção dos agentes" e a etapa seguinte será a especialização do efetivo e contará com o apoio dos parceiros de cooperação, especificou então.
De acordo com um balanço apresentado pelo chefe do Governo moçambicano na altura, desde 2021 foram registados em Moçambique 28 casos de rapto, dos quais, "15 foram totalmente esclarecidos".
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