O diretor do hospital Al-Shifa, cercado pelas forças de Israel, disse, esta sexta-feira, que a unidade hospitalar se tornou numa "grande prisão" e numa "vala comum" para aqueles que se encontram no seu interior.
Em declarações à Al Jazeera, Muhammed Abu Salmiya adiantou que há 7.000 pessoas no hospital e que os funcionários continuam a trabalhar para ajudar os pacientes. Contudo, "perderam todos aqueles que estavam na unidade de cuidados intensivos".
"Ficámos sem nada – sem energia, sem comida, sem água. A cada minuto que passa, estamos a perder uma vida. Durante a noite, perdemos 22 pessoas e, nos últimos três dias, o hospital foi mantido sob cerco", afirmou.
O responsável disse que foi feito um apelo às tropas israelitas para que deixassem o hospital, mas sem sucesso.
"É um crime de guerra. Um crime de guerra de pleno direito", completou.
Recorde-se que o cerco de Israel ao hospital Al-Shifa continua a gerar controvérsia e a levantar várias questões. O exército israelita alegou ter encontrado a "sede operacional [do Hamas], armas e equipamentos tecnológicos" no hospital, onde terá também eliminado membros do grupo islâmico. No entanto, estas informações não foram confirmadas de forma independente e o Hamas rejeitou repetidamente usar a instituição de saúde para as suas operações militares.
No passado dia 7 de outubro, combatentes do Hamas, que está desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, levaram a cabo um ataque contra Israel, que fez 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra contra o grupo. A resposta começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
Até agora, já morreram 11.500 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis. Há ainda registo de 29.800 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.
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