Ícone da diplomacia, Henry Kissinger elogiado e criticado após a morte

Os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel, destacaram hoje a influência internacional do antigo diplomata norte-americano Henry Kissinger, que morreu na quarta-feira, aos 100 anos.

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© Chip Somodevilla/Getty Images

Lusa
30/11/2023 12:04 ‧ 30/11/2023 por Lusa

Mundo

Óbito/Kissinger

Kissinger, figura controversa da diplomacia norte-americana, serviu dois presidentes, Richard Nixon e Gerald Ford, e dominou a política externa quando os Estados Unidos se retiraram do Vietname e estabeleceram laços com a China, na década de 1970.

"A estratégia e a excelência da diplomacia de Henry Kissinger moldaram a política mundial ao longo do século XX", escreveu Ursula von der Leyen, nas redes sociais, citada pela agência espanhola EFE.

Também nas redes sociais, Charles Michel destacou "uma mente brilhante" e "um estratega atento ao mais ínfimo pormenor" que "moldou os destinos de alguns dos acontecimentos mais importantes do século".

O Presidente francês, Emmanuel Macron, saudou "um gigante da História" numa mensagem de condolências nas redes sociais.

"O seu século de ideias e de diplomacia teve uma influência duradoura no seu tempo e no nosso mundo", declarou, citado pela agência francesa AFP.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, saudou Kissinger como "um grande estadista e um diplomata profundamente respeitado que fará muita falta na cena internacional".

"Mesmo com 100 anos de idade, a sua sabedoria e reflexão brilhavam", escreveu Cameron nas redes sociais.

O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair não escondeu a admiração por Kissinger, que descreveu como "uma pessoa única" que ficou a admirar desde que se encontraram pela primeira vez em 1994.

"Se é possível que a diplomacia ao seu mais alto nível seja uma forma de arte, Henry era um artista", afirmou Blair num comunicado.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, destacou as "contribuições significativas" de Kissinger para a paz e a estabilidade na Ásia.

A chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, lamentou o desaparecimento de "uma das mentes mais lúcidas, uma referência na política estratégica e na diplomacia".

Heinz Alfred Kissinger, um judeu alemão nascido na Baviera em 1923, fugiu da Alemanha nazi e naturalizou-se norte-americano aos 20 anos.

Filho de um professor, ingressou na contraespionagem militar e no exército dos Estados Unidos, antes de efetuar estudos brilhantes na Universidade de Harvard, em que também lecionou.

Reconhecido pelos óculos de lentes grossas, tornou-se o rosto da diplomacia mundial quando o republicano Richard Nixon o chamou para a Casa Branca em 1969 como Conselheiro de Segurança Nacional e depois como Secretário de Estado.

Sobreviveu à saída de Nixon, que se demitiu em 1974 devido ao escândalo de Watergate, e manteve-se como chefe da diplomacia do seu sucessor Gerald Ford até 1977.

A assinatura de um cessar-fogo valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz com o líder norte-vietnamita em 1973.

Duc Tho recusou o prémio, alegando que as tréguas não tinham sido respeitadas, e Kissinger não se deslocou a Oslo por receio de manifestações.

Apesar dos elogios de vários líderes mundiais, as críticas também surgiram nas redes sociais logo após o anúncio da sua morte.

A revista Rolling Stone escreveu no título "Henry Kissinger, criminoso de guerra amado pela classe dominante americana, finalmente morre", segundo a agência norte-americana AP.

O académico da Universidade do Estado do Arizona Sophal Ear escreveu no The Conversation que a campanha de bombardeamento de Kissinger "matou centenas de milhares de cambojanos e abriu caminho para a devastação do Khmer Vermelho".

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