"Constatámos que este incidente foi devido a um ataque cibernético de 'malware' do tipo 'ransomware lockbit', conhecido como 'vírus de criptografia', que bloqueou o acesso aos dados nos computadores e servidores da operadora", explicou à Lusa fonte da Agência de Regulação Multissectorial da Economia (ARME).
Nem aquela entidade, nem a operadora de comunicações (móveis, fixas, de Internet e televisão) esclareceram se foi pago algum resgaste.
"O processo de investigação encontra-se na alçada das autoridades competentes, como a Polícia Judiciária e o Ministério Público", disse a ARME, em resposta a questões colocadas pela Lusa, acrescentando que a origem dos ataques continua por apurar.
Ao mesmo tempo que decorre o processo de investigação, conduzido pelas autoridades, "está em curso, junto da operadora, um processo de averiguação administrativa", encetado pela própria empresa estatal CV Telecom, "com apoio de uma entidade internacional especializada em cibersegurança", não especificada.
"A ARME está neste momento a aguardar o relatório final deste processo, para aferir da necessidade ou não de adotar outras medidas, nos termos da lei", concluiu a entidade reguladora.
O ataque de 19 de outubro à CV Telecom paralisou os serviços de televisão, telefones (fixos e móveis), atendimento ao cliente e mensagens de textos, alguns só plenamente recuperados passados alguns dias.
Quatro dias depois, em conferência de imprensa, a operadora anunciou ter adotado mais de 10 medidas para reforçar a segurança.
A CV Telecom classificou o ataque como um "ato criminoso" e a autoridade reguladora disse ter recebido, "no prazo de 48 horas, como reza a lei", informação "detalhada" sobre o incidente.
Em 26 de novembro de 2020, a Rede Tecnológica Privativa do Estado (RTPE) de Cabo Verde tinha sido vítima de um ciberataque em larga escala, com bloqueio de dados e pedido de resgate (o designado 'ransomware'), que obrigou à suspensão temporária de alguns serviços públicos.
Na altura, o Governo de Cabo Verde investiu mais de 1,8 milhões de euros para reforçar a segurança das redes informáticas do país.
A Cabo Verde Telecom realizou em julho a fusão das três empresas do grupo, criando uma marca única, denominada de Alou.
A maioria do capital do grupo (57,9%) é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%), o Estado cabo-verdiano (3,4%) e outros acionistas privados nacionais (13,7%).
Leia Também: Preço dos combustíveis em Cabo Verde desce 5,62% em dezembro