Para a Organização Não-Governamental (ONG), "estes acontecimentos mergulharam o país numa crise política".
"A falta de transparência e as preocupações legítimas sobre a legalidade das detenções de líderes da oposição e outros alimentam a instabilidade num contexto de segurança já de si frágil", declarou Nyagoah Tut Pur, investigador da HRW no Sudão do Sul.
Na opinião de Tut Pur, "as autoridades devem revelar imediatamente o destino e o paradeiro dos detidos e garantir o seu direito a um processo justo, nomeadamente apresentando-os a um tribunal devidamente constituído e imparcial".
Estas pessoas detidas desde 04 de março estão alinhadas com o vice-Presidente, Riek Machar, chefe do Exército Popular de Libertação do Sudão na Oposição (SPLA-IO), explicou a ONG.
De acordo com a HRW, o momento destas detenções coincide com uma crise política em Nasir, no Alto Nilo, onde os confrontos entre as forças governamentais e as milícias armadas de jovens, também conhecidas como Exército Branco, deslocaram milhares de civis, sendo que a zona é um reduto de apoiantes de Machar, que há muito se opõe ao Presidente.
"O Governo do Sudão do Sul deve pôr imediatamente fim ao desaparecimento forçado ou à detenção em regime de incomunicabilidade de todas as pessoas ligadas à oposição que foram detidas desde a primeira semana de março e garantir o respeito total e rigoroso pelos seus direitos processuais", reiterou a HRW.
O porta-voz de Riek Machar, Puok Both Baluang, disse à HRW que, até 10 de março, tinham conhecimento de 22 homens filiados na SPLA-IO - incluindo membros do partido, funcionários, familiares e guarda-costas - detidos pelo Serviço Nacional de Segurança (NSS, na sigla em inglês) e pelos Serviços Secretos Militares, "muitos dos quais não se sabe o seu destino ou paradeiro".
Todavia, os meios de comunicação social locais informaram que Gatwech Lam Puoch, deputado da SPLA-IO pelo condado de Nasir, foi detido em 11 de março.
"O NSS é responsável por desaparecimentos forçados, bem como por detenções em regime de incomunicabilidade, tortura e maus tratos de detidos. Além disso, fez, ilegalmente, operações de vigilância", frisou a HRW.
A HRW aconselhou ainda o executivo a rever a definição de "crimes contra o Estado" e "retirar aos serviços de segurança a autoridade para deter pessoas, limitar a sua autoridade para efetuar buscas, apreensões e vigilância, e harmonizá-la com a Constituição e as normas internacionais de direitos humanos".
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