A posição de Guterres foi partilhada pelo seu porta-voz, Stéphane Dujarric, que lançou um novo apelo a todas as partes para que respeitem as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional.
"O secretário-geral está extremamente alarmado com o reinício das hostilidades entre Israel e o Hamas e outros grupos armados palestinianos em Gaza, em 01 de dezembro, incluindo o lançamento de 'rockets' contra Israel a partir de Gaza e a renovação das operações terrestres e a intensificação dos ataques aéreos por parte das Forças de Defesa de Israel, cada vez mais no sul de Gaza", referiu o comunicado divulgado por Dujarric.
Instando Israel a poupar os palestinianos de mais sofrimento, Guterres recordou que os civis, incluindo profissionais de saúde, jornalistas e pessoal da ONU, assim como as infraestruturas civis, devem ser protegidos "em todos os momentos".
O ex-primeiro-ministro português voltou a pedir um fluxo de ajuda humanitária "desimpedido e sustentado" para satisfazer as necessidades da população em toda a Faixa de Gaza, frisando que as pessoas que foram novamente forçadas a deslocar-se "não têm lugar seguro para onde ir e muito pouco para sobreviver".
O líder das Nações Unidas também continua muito preocupado com a escalada de violência na Cisjordânia ocupada, incluindo com a intensificação das operações israelitas, com o elevado número de mortes e detenções, com o aumento da violência dos colonos e com os ataques a israelitas por parte de palestinianos.
"O secretário-geral reitera o seu apelo a um cessar-fogo humanitário sustentado em Gaza e à libertação incondicional e imediata de todos os reféns restantes", indicou o mesmo comunicado.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas irá reunir-se hoje para consultas fechadas sobre a situação em Gaza, com a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, a informar os Estados-membros sobre a sua recente deslocação à região.
A reunião foi convocada pelos Emirados Árabes Unidos, citando a "profundamente preocupante retomada das hostilidades" e a terrível situação humanitária no enclave.
O chefe do Estado-Maior do Exército israelita, tenente-general Herzi Halevi, indicou no domingo que as suas forças estavam a expandir as operações para o sul da Faixa de Gaza, zona onde as tropas terrestres não tinham até agora entrado.
A guerra em curso no Médio Oriente começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de 'rockets' para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, que enfrenta uma grave crise humanitária perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigos, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo movimento islamita palestiniano Hamas desde 2007, aumentaram hoje o número de mortos na ofensiva israelita para quase 15.900, enquanto mais de 250 palestinianos morreram às mãos das forças de Telavive ou em ataques levados a cabo por colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 07 de outubro.
As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira após falta de entendimento para prorrogar o acordo.
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