Este relatório da Global Carbon Project, que fornece uma visão global do ciclo do carbono, foi elaborado por investigadores da Universidade de Exeter (Reino Unido), da Universidade de East Anglia (UEA), do Centro de Investigação Internacional de Clima (Noruega), a Universidade Ludwig-Maximilian de Munique e 90 outras instituições ao redor do mundo, noticiou a agência Efe.
Esta é a 18.ª edição deste relatório, que conta com a participação de mais de 120 cientistas, e será publicada na revista Earth System Science Data.
Segundo os dados, as emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes dos combustíveis fósseis, principal fonte do efeito estufa global que provoca a crise climática, deverão ter aumentado 1,1 por cento em relação a 2022, com um novo recorde, atingindo 36,8 mil milhões de toneladas no final de 2023.
Somando as emissões de CO2 de origem fóssil com as provenientes das alterações no uso do solo, o total aumentará para 40,9 mil milhões de toneladas este ano, segundo previsões para o final do ano.
O valor global é superior ao de 2022, em que terão sido emitidas 40,6 mil milhões de toneladas de CO2, e confirma a distância que persiste com os objetivos climáticos globais para o seu cumprimento, que teria de ser urgente, segundo o relatório.
Embora com grandes incertezas, tudo indica que, com o atual ritmo de emissões, haveria 50% de probabilidade de, em cerca de sete anos, o aquecimento global ultrapassar de forma normalizada o limiar de 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial.
Embora cerca de metade do CO2 continue a ser absorvido, como por exemplo pelas florestas, o resto das emissões permanece na atmosfera e causa alterações climáticas.
De acordo com os números, as emissões fósseis de CO2 estão a diminuir em algumas regiões geográficas, incluindo a Europa e os Estados Unidos, mas, em geral, estão a aumentar a nível mundial.
Os cientistas alertam que a ação global para reduzir os combustíveis fósseis não é suficientemente rápida para evitar alterações climáticas perigosas.
Prevê-se que as emissões resultantes da alteração do uso do solo (como a desflorestação) diminuam ligeiramente, mas não será suficiente para compensar os níveis de reflorestação e florestação (novas florestas).
"Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris", alertou o professor Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute de Exeter e diretor do relatório.
Dada a situação, a cimeira do clima que decorre até dia 12 de dezembro no Dubai terá de chegar a acordo sobre "cortes rápidos nas emissões fósseis" para evitar que a temperatura do planeta ultrapasse estes níveis ou pelo menos manter o objetivo de não ultrapassar os 2°C de aumento em comparação com a era pré-industrial.
"Todos os países precisam de descarbonizar as suas economias mais rapidamente do que atualmente para evitar os piores impactos das alterações climáticas", vincou o especialista.
O relatório inclui dados importantes que confirmam que as tendências regionais na luta contra as alterações climáticas variam muito.
De acordo com os indicadores, as emissões de CO2 em 2023 deverão aumentar na Índia (8,2%) e na China (4,0%), e diminuir na UE (-7,4%), nos EUA (-3,0%) e no resto do mundo (-0,4%).
Por tipo de fonte, espera-se que as emissões globais provenientes do carvão (1,1%), do petróleo (1,5%) e do gás (0,5%) aumentem.
Segundo as previsões, o CO2 atmosférico médio para 2023 será de 419,3 partes por milhão (ppp), 51% acima dos níveis pré-industriais.
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