"Penso que esta é uma cimeira de escolhas. Temos uma relação muito complexa com a China [...] e esta cimeira trata-se de múltiplas escolhas que podem ser tomadas, em primeiro lugar, nas nossas relações comerciais e desequilíbrios UE-China", disse a líder do executivo comunitário em entrevista ao projeto European Newsroom (Redação Europeia), de que a Lusa faz parte, conduzida pela agência de notícias AFP.
De acordo com Von der Leyen, nesta que é a primeira cimeira presencial entre os dois blocos desde 2019, que se realiza em Pequim na quinta-feira e sexta-feira, será também abordado "o posicionamento" chinês relativamente à invasão russa da Ucrânia e à guerra crise no Médio oriente.
Além disso, serão abordadas "as escolhas que estão em cima da mesa para unir forças no combate às alterações climáticas e na proteção da biodiversidade", elencou Ursula von der Leyen.
No âmbito comercial, a responsável reconheceu que a UE "é um importante parceiro comercial da China e vice-versa", mas ainda persiste "um crescente desequilíbrio comercial" que duplicou nos últimos dois anos, atingindo um défice de quase 400 milhões de euros.
Por essa razão, Bruxelas vai pedir nesta cimeira "equidade na relação comercial".
Ursula von der Leyen avisou: "Os líderes europeus não tolerarão, ao longo do tempo, desequilíbrios nas relações comerciais e temos ferramentas para proteger o nosso mercado, embora tenhamos preferência por soluções negociadas".
"O desequilíbrio é visível, por exemplo, quando olhamos para as exportações da China para a União Europeia, que são três vezes superiores [...] ou, por outras palavras, se tiver três contentores que vão da China para a Europa, dois destes contentores regressam vazios, regressando a casa", pelo que "é do nosso interesse reequilibrar as relações comerciais e é do nosso interesse que tenhamos um comércio sustentável entre a União Europeia e a China", vincou.
"Acho importante que não vejamos apenas a China como parceiro comercial e potência industrial, mas também como concorrente tecnológico no poder militar e como um ator global que tem visões distintas e divergentes sobre a ordem global. Olhando para o défice comercial, vemos isso e vamos discutir a [...] falta de acesso ao mercado chinês para as empresas europeias", disse ainda Ursula von der Leyen.
A cimeira surge numa altura em que o bloco comunitário contesta o "tratamento preferencial das empresas chinesas nacionais", tendo já iniciado uma investigação aos apoios estatais ao setor dos carros elétricos, em outubro passado.
"Estamos no meio dessa investigação, e ainda demorará, mas os veículos elétricos são outro tópico para a questão das sobrecapacidades e a concorrência leal no nosso mercado único, especificamente no que diz respeito aos subsídios" estatais chineses, apontou Ursula von der Leyen.
Ursula von der Leyen vai, juntamente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o Alto Representante da União, Josep Borrell, representar o bloco europeu nesta cimeira, que se traduz num diálogo ao mais alto nível sobre as relações UE-China e também sobre questões internacionais, incluindo a invasão russa da Ucrânia e a guerra no Médio Oriente.
Previstos estão encontros destes altos funcionários da UE, à margem da cimeira, com o Presidente chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Qiang, em duas sessões separadas.
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