O presidente da Câmara de Kyiv, Vitali Klitschko, teceu duras críticas contra o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusando-o de estar a transformar a Ucrânia num Estado autoritário, exatamente como a Rússia.
Estas declarações surgiram nos últimos dias, em duas entrevistas diferentes.
"Em algum momento já não seremos diferentes da Rússia, onde tudo depende do capricho de um homem", disse Klitschko, numa entrevista ao Der Spiegel, no passado dia 1 de dezembro.
O autarca elogiou ainda o papel dos seus colegas, que considera terem protegido os seus residentes e apoiado os militares nos primeiros dias de guerra, e considerou que o gabinete de Zelensky vê os presidentes de câmara como um obstáculo à centralização do poder.
Apesar de ser o presidente da capital ucraniana, Klitschko disse que não conversou com Zelensky desde o início da guerra.
Já numa outra entrevista, ao site de notícias suíço 20Minutes, Klitschko acusou Zelensky de mentir publicamente sobre o progresso da Ucrânia no conflito.
O autarca disse concordar com o general ucraniano Valerii Zaluzhnyi, que no mês passado afirmou que a guerra tinha entrado "num impasse", após uma contraofensiva dececionante. Estes comentários foram alvo de críticas por parte de Zelensky.
"[Zaluzhnyi] disse a verdade”, disse Klitschko. "Às vezes as pessoas não querem ouvir a verdade… É claro que podemos mentir euforicamente ao nosso povo e aos nossos parceiros. Mas não podes fazer isso para sempre. Alguns dos nossos políticos criticaram Zaluzhnyi pelas palavras claras – de forma errada", disse.
O autarca defendeu ainda que a popularidade de Zelensky tem caído e acredita que o presidente da Ucrânia acabará por deixar o poder. "As pessoas veem quem é eficaz e quem não é. E havia e ainda há muitas expectativas. Zelensky está a pagar pelos erros que cometeu", atirou.
Até ao momento, o gabinete de Zelensky não respondeu publicamente às acusações de Klitschko.
De realçar que Zelensky e Klitschko têm estado em desacordo desde que Zelensky assumiu a presidência da Ucrânia. O chefe de estado ucraniano chegou a criticar a forma como Klitschko geriu a proteção da capital ucraniana após o início da invasão, em fevereiro de 2022.
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