O jornal The Times avançou durante o fim de semana que Johnson pretende pedir desculpa e admitir que "indiscutivelmente cometeu erros", mas, segundo o mesmo 'media', também vai reivindicar que as suas decisões ajudaram a salvar milhares de vidas no Reino Unido.
A estação pública BBC noticiou também que Johnson vai destacar o sucesso do programa de vacinação e o facto de o país ter saído do confinamento mais cedo do que outros países.
A audição com o antigo líder Conservador acontece após semanas de críticas à sua administração por parte de pessoas que trabalharam de perto com ele durante esse período, incluindo assessores.
O antigo diretor de comunicação Lee Cain alegou que a pandemia de covid-19 foi "a crise errada" para as "capacidades" de Johnson, enquanto o antigo conselheiro científico principal do Governo durante a crise, Patrick Vallance, revelou que o antigo primeiro-ministro ficava "confuso" com os dados científicos.
Boris Johnson deverá ser questionado sobre as "festas" na residência oficial de Downing Street que infringiram as regras de distanciamento social e sobre a resistência a declarar confinamentos.
O então ministro da saúde Matt Hancock disse na semana passada que uma atuação mais rápida em março de 2020 teria significado que "menos de um décimo do número de pessoas teria morrido na primeira vaga".
O Reino Unido teve um dos surtos mais letais do mundo, com cerca de 230 mil mortes relacionadas com o novo coronavírus registadas, de acordo com as estatísticas do executivo.
Famílias de vítimas e a oposição afirmam que as decisões e ações dos políticos da altura contribuíram para muitas mortes desnecessárias.
O depoimento de 200 páginas de Johnson já foi entregue ao inquérito, presidido pela antiga juíza Heather Hallett, e a audição deverá começar às 10:00 (a mesma hora em Lisboa).
O atual primeiro-ministro, o também conservador Rishi Sunak, na altura ministro das Finanças, deverá ser ouvido neste inquérito até ao final do ano.
O inquérito vai demorar três anos a ser concluído.
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