A Câmara dos Representantes vai votar esta quinta-feira a terceira moção de censura do ano contra um congressista democrata, com os republicanos a sancionarem desta vez o representante Jamaal Bowman por este ter acidentalmente acionado um alarme de incêndio que obrigou o Congresso a ser evacuado.
Na quarta-feira, quando a moção foi debatida em plenário, Bowman criticou a moção de censura apresentada pelos conservadores, acusando-os de perder tempo útil com a questão e de desvalorizar uma importante ferramenta legislativa.
"É óbvio para mim, para os meus colegas e para o povo americano que o Partido Republicano é profundamente pouco sério e incapaz de legislar. A sua moção de censura contra mim continua a demonstra a sua incapacidade para governar e servir o povo", atirou o congressista, que representa o 16.º distrito do estado de Nova Iorque.
A moção de censura é a segunda medida mais grave que o Congresso norte-americano pode tomar contra um deputado, sendo que a mais grave é a expulsão - uma prática muito rara e que foi utilizada na semana passada para expulsar o mentiroso e controverso republicano, George Santos.
It’s painfully obvious to myself, my colleagues, and the American people, that the Republican party is deeply unserious. Their censure resolution against me demonstrates their inability to govern.
— Congressman Jamaal Bowman (@RepBowman) December 7, 2023
I want to thank all of my colleagues who came out and supported me this evening. pic.twitter.com/smgx092NdP
O incidente que provocou o voto contra Bowman ocorreu em setembro, quando o democrata acionou o alarme de incêndio numa sala de uma comissão parlamentar. Jamaal Bowman alega que estava a tentar atravessar uma porta habitualmente aberta, e fechada naquele fim de semana, carregando sem querer no alarme.
O edifício teve de ser rapidamente evacuado, sendo que a Câmara dos Representantes estava em sessão. Todos os deputados de ambas as câmaras do Congresso e todos os trabalhadores tiveram de sair do edifício durante uma hora, após as autoridades terem declarado que não havia perigo.
Bowman pediu rapidamente desculpas e pagou uma multa de 1.000 dólares (cerca de 927 euros), aceitando um período de três meses de avaliação.
Vários democratas colocaram-se do lado do seu colega, considerando também que a moção é desnecessária e exagerada, não só por causa da gravidade (ou falta dela) do incidente, mas também pela visibilidade que uma moção de censura deste género tem contra um dos poucos representantes negros no Congresso dos Estados Unidos. "Esta censura é o caso mais recente da história racista desta câmara de dizer a homens negros que não pertencem ao Congresso, atirou Ayanna Pressley, democrata do Massachusetts.
Já Lisa McClain, republicana do Michigan, defendeu a moção e acusou Bowman de premir o alarme propositadamente para "causar o caos e parar a Câmara de fazer o seu trabalho", numa altura em que se tentava aprovar um orçamento. "É repreensível que um membro do Congresso chegue tão longe para prevenir os republicanos de apresentar uma proposta para manter o governo em funções e pagar os salários aos americanos", acrescentou McClain.
O voto para o orçamento acabou por falhar nessa altura, não por causa dos democratas, mas devido ao chumbo da ala mais extremista do próprio Partido Republicano.
O uso das moções de censura tem-se tornado mais frequente, graças ao crescente extremismo e polarização pelo Partido Republicano que, nos últimos anos, tem saído do centro-direita e aceitado cada vez mais membros da extrema-direita, afiliados a grupos perigosos e conhecidos por promoverem teorias da conspiração.
Caso seja aprovada, a moção de censura contra Jamaal Bwoamn será a terceira do ano contra um democrata, depois das moções contra Rashida Tlaib - a congressista palestino-americana que foi censurada por criticar o bombardeamento de civis palestinianos por Israel, apesar de ter condenado o Hamas -, e contra Adam Schiff, atacado por críticas a Donald Trump.
Leia Também: Congresso dos EUA expulsa o polémico legislador Republicano George Santos