Conselho Segurança. Borrell pede que se abstenham de usar poder de veto

O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros apelou hoje aos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que se abstenham de utilizar o poder de veto face às "atrocidades em massa" que ocorrem.

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Lusa
08/12/2023 16:56 ‧ 08/12/2023 por Lusa

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Josep Borrell disse, por ocasião do Dia Internacional para a Comemoração e Dignificação das Vítimas de Crimes de Genocídio, que espera que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU atuem de acordo com as suas responsabilidades.

"Este é um dia para renovar o apelo às 152 partes na Convenção para que se empenhem plenamente nas suas obrigações de prevenir e punir o crime de genocídio. A mera retórica não é suficiente: precisamos urgentemente de uma ação decisiva", afirmou em comunicado.

A este respeito, Borrell recordou o jurista polaco Raphael Lemkin, que cunhou o termo "genocídio" num dos seus livros em 1944 e "lutou incansavelmente para evitar que as atrocidades do Holocausto voltassem a acontecer".

"A União Europeia continua inabalável no seu compromisso de proteger as pessoas das atrocidades cometidas em todo o mundo. Continuaremos a envidar esforços para acabar com a impunidade, garantir a justiça e a reparação das vítimas", afirmou na declaração.

As observações de Borrell coincidem com uma votação no Conselho de Segurança da ONU para apelar a um cessar-fogo imediato entre o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e Israel na Faixa de Gaza, através de uma invocação invulgar do artigo 99.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, explicou hoje que invocou o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas devido ao "ponto de rutura" em Gaza, denunciando o elevado risco de "colapso total do sistema de apoio humanitário".

O líder das Nações Unidas exortou o órgão da ONU, cujas decisões são vinculativas, a não poupar esforços para pressionar "por um cessar-fogo humanitário imediato, pela proteção dos civis e pela entrega urgente de ajuda vital".

"Existe claramente, na minha opinião, um sério risco de agravamento das ameaças existentes à manutenção da paz e da segurança internacionais", reforçou, denunciando ainda que "não existe uma proteção eficaz dos civis".

"Receio que as consequências possam ser devastadoras para a segurança de toda a região", frisou Guterres.

O líder da ONU sublinhou que, embora o lançamento indiscriminado de foguetes pelo Hamas contra Israel e a utilização de civis como escudos humanos constituam uma violação das leis da guerra, tal conduta "não absolve Israel das suas próprias violações".

Muitos países apelidaram de "genocídio" os ataques israelitas a Gaza.

A Assembleia Geral da ONU adotou a palavra em 1946, mas só dois anos mais tarde, em 1948, com a adoção da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, que entrou em vigor em 1951, é que se deu a verdadeira viragem no consenso global.

O consenso é mais generalizado no caso dos Balcãs, por exemplo com o massacre de muçulmanos em Srebrenica, ou no Ruanda, onde 800.000 pessoas morreram vítimas do genocídio dos Tutsis.

Noutros casos, a simples categorização continua a ser objeto de debate e de pressões políticas, como o massacre dos arménios perpetrado em 1945 pelo Império Otomano.

Outro debate recente surgiu no contexto da repressão da minoria Rohingya pelos militares birmaneses em 2018. Os casos mais recentes são a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza.

Leia Também: Borrell compara "matança" em Gaza aos ataques do Hamas contra Israel

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