Manifestantes pró-palestina em Nova Iorque indignados com veto dos EUA

Dezenas de manifestantes pró-Palestina, maioritariamente mulheres, protestaram ao final da tarde de sexta-feira em frente à sede da ONU, em Nova Iorque, "indignados" com o veto norte-americano a uma resolução que exigia um cessar-fogo em Gaza.

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© Fatih Aktas/Anadolu via Getty Images

Lusa
09/12/2023 06:20 ‧ 09/12/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Como cidadã norte-americana, estou indignada, muito desapontada e envergonhada com o veto dos Estados Unidos e é por isso que estou aqui a protestar", disse à agência Lusa Alina, de 29 anos.

"Os Estados Unidos simplesmente não querem paz. É uma nação que beneficia com a guerra, é um país cujas bases estão sedimentadas em genocídio, em morte e em guerras", argumentou ainda, rodeada por um forte dispositivo policial.

Os Estados Unidos vetaram hoje um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, apesar do apelo inédito lançado pelo secretário-geral da organização, António Guterres.

A resolução, da autoria dos Emirados Árabes Unidos e que foi apoiada por quase uma centena de Estados-membros, foi rejeitada com um voto contra dos Estados Unidos (membro permanente, com poder de veto), 13 a favor e uma abstenção (Reino Unido).

Uma das mulheres que tinha acabado de chegar à manifestação descobriu pela Lusa que os Estados Unidos tinham vetado o projeto de resolução e emocionou-se.

"O quê? Os Estados Unidos bloquearam a resolução? Os Estados Unidos querem crianças a morrer? Está a falar a sério?" questionou, acrescentando: "Isto é tão injusto. Quantas crianças, quantas mães terão de morrer até que isto acabe?".

Essa foi a pergunta mais feita pelos manifestantes, que erguiam bandeiras da Palestina e cartazes com mensagens como "nós exigimos que os EUA apoiem um cessar-fogo", "sem justiça, sem paz" ou "bombas caíam enquanto vocês votavam", numa mensagem direta para os 15 Estados-membros do Conselho de Segurança, que se reuniram nesta sexta-feira por duas vezes para abordar a situação em Gaza.

Faris, um palestiniano de 40 anos e um dos poucos homens presentes na manifestação, avaliou que o veto norte-americano mostra o quão os Estados Unidos estão "dispostos a apoiar os crimes de Israel e o genocídio do povo da Palestina".

"Há pessoas que acham que isto tudo começou em 07 de outubro (data do ataque do Hamas), mas estão errados. Isto começou muito antes, com uma ocupação sufocante que dura há décadas. Estamos a viver um novo massacre e é uma vergonha para a humanidade permitir que isto aconteça, com fundos dos Estados Unidos, Reino Unido e de muitos outros países", lamentou.

"Precisamos que todos estes crimes sejam investigados e, acima de tudo, precisamos que isto acabe", instou ainda o homem palestiniano, advogando que a agressão israelita se trata de uma "limpeza étnica".

O projeto de resolução - agora rejeitado pelos Estados Unidos - manifestava "grave preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil palestiniana", sublinhava que "as populações civis palestinianas e israelitas deveriam ser protegidas de acordo com o direito humanitário internacional" e exigia um cessar-fogo humanitário imediato.

Exigia também a libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a garantia de acesso humanitário.

A votação ocorreu depois de António Guterres ter invocado na quarta-feira, pela primeira vez desde que se tornou secretário-geral da ONU, o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, pedindo ao Conselho de Segurança, o único órgão da ONU cujas decisões têm caráter vinculativo, que "evitasse uma catástrofe humanitária" no enclave e aprovasse um cessar-fogo.

O número de palestinianos mortos desde o início da guerra, em 07 de outubro, ascende a 17.487, dos quais 70% são mulheres e crianças, acrescentou o mesmo organismo controlado pelo Hamas, referindo que o número total de feridos é de 46.480.

Na sequência do ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas, Israel respondeu com bombardeamentos maciços e uma ofensiva terrestre que causou a morte a perto de 17.500 pessoas em Gaza, sobretudo mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Leia Também: União Europeia condena tentativa de golpe de Estado na Guatemala

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