"A situação atual no Níger continua a ser possivelmente o acontecimento político e de segurança mais preocupante que atingiu a paz e a segurança no Sahel, com implicações para toda a região", afirmou o representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Santos Simão, num comunicado divulgado em Dacar, no Senegal, depois de ter participado na 64.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), no domingo.
Simão sublinhou "a importância do diálogo e o empenhamento contínuo dos países em transição no regresso à ordem constitucional".
O representante especial fez esta declaração um dia depois de os chefes de Estado da CEDEAO terem aprovado, em Abuja, na Nigéria, a criação de um comité composto pelos presidentes do Togo, Serra Leoa e Benim para negociar com a junta golpista do Níger, com vista ao seu afastamento do poder.
Os líderes da CEDEAO também prometeram "aliviar gradualmente as sanções" contra o Níger "em função do resultado" dessas negociações e voltaram a exigir a libertação "imediata e incondicional" do Presidente deposto, Mohammed Bazoum, detido pela junta militar desde o golpe de Estado.
A CEDEAO, agora aberta ao diálogo com os golpistas, chegou a considerar a possibilidade de uma intervenção militar regional contra a junta militar do Níger, uma opção que diz ainda não ter excluído totalmente.
Desde 2020, a CEDEAO assistiu a golpes de Estado no Mali, na Guiné-Conacri, no Burkina Faso e no Níger.
Além disso, em novembro, houve tentativas de golpe de Estado na Serra Leoa e na Guiné-Bissau, segundo os respetivos governos.
O Níger é uma nação estratégica, tanto pelos seus recursos naturais - cerca de 5% do urânio utilizado em todo o mundo vem deste país - como pela sua localização no meio de uma região, o Sahel, onde os grupos terroristas conseguiram proliferar nos últimos anos.
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