"Os membros do Conselho de Segurança condenam veementemente a violência no estado de Warrap, no Sudão do Sul e no sul da área administrativa de Abyei, que ceifou aproximadamente 75 vidas em novembro, e 10 vidas em Abyei no início de dezembro", indicou o órgão da ONU num comunicado à imprensa.
Os membros do Conselho de Segurança assinalaram "com grande preocupação" a presença contínua de algumas forças, assim como de elementos armados das comunidades locais em Abyei, e instaram à imediata desmilitarização dessa região disputada entre o Sudão e Sudão do Sul, tendo em conta as resoluções que já foram adotadas pelo Conselho de Segurança sobre o tema, assim como o acordo sobre a desmilitarização alcançado 2011.
O órgão da ONU, cujas decisões têm caráter vinculativo, ecoou ainda os apelos do representante especial da ONU para o Sudão do Sul, Nicholas Haysom, sublinhando a necessidade do Governo de transição sul-sudanês investigar os assassínio e ataques a civis em Warrap e em Abyei e para que "contenha a violência e acalme a tensão entre as comunidades afetadas".
"Os membros do Conselho de Segurança sublinham o importante papel que a Força Interina de Segurança das Nações Unidas para Abyei (Unisfa) deve desempenhar na proteção dos civis, incluindo os refugiados, e no apoio ao diálogo comunitário e na facilitação da reconciliação", disseram.
Em conclusão, o Conselho apoiou ainda o Mecanismo Conjunto de Verificação e Monitorização de Fronteiras, com objetivo de apoiar "a obtenção da paz, segurança e estabilidade em Abyei e na região em geral".
As áreas de Abyei e Warrap são consideradas regiões administrativas e têm governos independentes, enquanto os confrontos fronteiriços entre os clãs das tribos Dinka (Dinka Twic e Dinka Ngok) são frequentes em Abyei, rica em petróleo e disputada entre o Sudão do Sul e o Sudão.
As disputas entre os grupos Ngok e Twic começaram em 2021, quando as autoridades de Abyei tentaram replanear um mercado local no sul da área, uma medida que foi rejeitada pelos Twic, que queimaram o mercado e expulsaram os habitantes Ngok da área.
Isso provocou combates na área entre os dois grupos, que formaram as suas próprias milícias.
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