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OMS "preocupada" com detenção de profissionais de saúde em Gaza

Tedros Adhanom Ghebreyesus indicou que, devido aos atrasos gerados pelos controlos israelitas, "um paciente morreu".

OMS "preocupada" com detenção de profissionais de saúde em Gaza
Notícias ao Minuto

10:00 - 12/12/23 por Notícias ao Minuto

Mundo Israel/Palestina

O secretário-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, esta terça-feira, estar "extremamente preocupado" com a detenção de profissionais de saúde e com as "verificações prolongadas" por parte de Israel face às caravanas médicas em Gaza.

O responsável denunciou que uma missão liderada pela OMS ao Hospital Al-Ahli foi parada duas vezes num posto de controlo, tanto quando se dirigia para o norte de Gaza, como quando regressava. De acordo com o secretário-geral, alguns funcionários da Sociedade do Crescente Vermelho foram detidos em ambas as ocasiões, no sábado.

"Estamos extremamente preocupados com os controlos prolongados e a detenção de profissionais de saúde que colocam em risco a vida de pacientes já frágeis. [...] Quando a missão entrou na Cidade de Gaza, o camião de ajuda que transportava as provisões médicas e uma ambulância foram atingidos por balas. Ao regressarem, alguns pacientes e profissionais de saúde do Crescente Vermelho foram instruídos no posto de controlo a deixar as ambulâncias. Alguns profissionais de saúde foram detidos e interrogados durante várias horas", escreveu Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X (Twitter).

O secretário-geral da OMS indicou ainda que, devido aos atrasos gerados pelos controlos israelitas, "um paciente morreu no caminho, dada a gravidade dos ferimentos e a demora no acesso ao tratamento".

"O povo de Gaza tem direito ao acesso a cuidados de saúde. O sistema de saúde deve ser protegido. Mesmo na guerra", defendeu.

Entretanto, a organização emitiu um comunicado, também esta terça-feira, no qual reiterou "o seu apelo à proteção dos cuidados de saúde e da assistência humanitária em Gaza".

"A obstrução de ambulâncias e os ataques a trabalhadores humanitários e de saúde são injustos. Os cuidados de saúde, incluindo ambulâncias, são protegidos pelo direito internacional. Devem ser respeitados e protegidos em todas as circunstâncias. As dificuldades enfrentadas por esta missão ilustram a diminuição da janela para os intervenientes humanitários prestarem ajuda em Gaza, embora o acesso seja desesperadamente necessário para aliviar a situação humanitária catastrófica", considerou.

A entidade revelou ainda que um dos funcionários do Crescente Vermelho detidos foi libertado "após esforços conjuntos da ONU". No entanto, o trabalhador disse ter sido "assediado, espancado, ameaçado, despido e vendado".

"As mãos foram amarradas atrás das costas e foi tratado de maneira degradante e humilhante. Depois de libertado, foi deixado para caminhar em direção ao sul com as mãos ainda amarradas atrás das costas e sem roupa ou sapatos", relatou.

A OMS detalhou ainda que, no dia 18 de novembro, "seis pessoas do Ministério da Saúde e da República Popular da China foram detidas durante uma missão liderada pela OMS para transferir pacientes do Hospital Al-Shifa", sendo que quatro pessoas – três do Ministério da Saúde e um funcionário do Crescente Vermelho – ainda estão detidas.

"Não há informações sobre o seu estado de saúde ou paradeiro. Isto é inaceitável. A OMS, juntamente com os seus familiares, colegas e entes queridos, está profundamente preocupada com o seu bem-estar. Reiteramos o nosso apelo para que os seus direitos legais e humanos sejam respeitados", indicou.

Nessa linha, a organização sublinhou que, "à medida que as hostilidades aumentam em Gaza, a ajuda fica aquém das necessidades e o sistema de apoio humanitário está à beira de desmoronar", argumentando que "a única solução viável é um cessar-fogo sustentado".

No sábado, a OMS conseguiu entregar material cirúrgico, suficiente para tratar 1.500 pacientes, ao Hospital Al-Ahli, e transferiu 19 utentes críticos e 14 acompanhantes para o Complexo Médico Nasser, no sul de Gaza, para receber "um nível mais elevado de cuidados".

Contudo, a unidade é, agora, "uma zona de desastre humanitário", estando "extremamente congestionada". Ainda que tenha apenas quatro camas, a instituição está a albergar 200 doentes e várias outras pessoas que ali encontraram refúgio do conflito.

"Os médicos disseram que a situação está fora de controlo, já que enfrentam escassez de combustível, oxigénio e provisões médicas essenciais, bem como falta de alimentos e água para os pacientes e para eles próprios. A capacidade do pessoal de saúde é mínima, os cuidados de enfermagem são extremamente limitados e o hospital depende fortemente de voluntários", apontou, dando ainda conta de que muitos dos casos graves estão a ser tratados "nos corredores do hospital, no chão, na capela e até na rua".

Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.

Leia Também: António Guterres, o "rosto" dos apelos ao cessar-fogo em Gaza

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