Kremlin diz que adesão de Ucrânia e Moldova visa prejudicar Rússia
O Kremlin afirmou hoje que a decisão de abrir negociações de adesão à União Europeia com a Ucrânia, Moldova e Geórgia visa "prejudicar a Rússia" e avisou que a entrada desses países "vai desestabilizar" o bloco comunitário.
© Sputnik/Sergey Bobylev/Pool via REUTERS
Mundo UE/Cimeira
Em conferência de imprensa hoje realizada, um dia depois do Conselho Europeu ter aberto negociações de adesão, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, alegou que aqueles países não "cumprem os critérios" para estar na União Europeia e considerou que a decisão é "apenas politizada".
Peskov elogiou a posição da Hungria, referindo que está a defender os seus interesses, "ao contrário de muitos países europeus", numa referência ao facto de o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, ter bloqueado uma nova ajuda da União Europeia à Ucrânia.
"A Hungria é um país soberano, tem os seus interesses. E, ao contrário de muitos países europeus, defende firmemente os seus interesses, o que nós apreciamos", disse o porta-voz da presidência russa.
A Rússia tem vindo a travar uma ofensiva contra a Ucrânia há quase dois anos e Viktor Orban é o único líder da UE que mantém laços estreitos com o Kremlin.
Apesar do veto húngaro, os chefes de Estado e de governo da União Europeia esperam chegar a um acordo no início de 2024 para continuar a prestar assistência financeira à Ucrânia.
"Conseguimos um texto aceitável para 26 Estados-membros, mas foi impossível convencer o primeiro-ministro Orbán a aceitá-lo. Parece que teremos de nos reorganizar no próximo ano para chegar a um acordo ou encontrar uma solução alternativa", afirmou hoje o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, à chegada à cimeira dos líderes em Bruxelas para o segundo dia de trabalhos.
O veto da Hungria impediu esta manhã de se chegar a acordo sobre o pacote de 50 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia para os próximos quatro anos, apesar de os restantes Estados-membros terem apoiado a última proposta de revisão do orçamento comunitário para 2021- 2027, em que se enquadram estas ajudas.
Em vez de continuarem hoje as negociações, os líderes decidiram adiar a decisão para janeiro com o objetivo de tentar que a Hungria adira ao consenso e que a ajuda a Kyiv seja incluída no orçamento comunitário, embora exista a possibilidade de continuar a financiar a Ucrânia com um acordo intergovernamental que deixe Budapeste de fora.
"É possível que os 26 Estados-Membros forneçam o dinheiro bilateralmente, não através do quadro financeiro plurianual ou dos instrumentos da UE, mas não é isso que queremos. Achamos que é possível ter um acordo a 27 e queremos que isso aconteça no novo ano", disse Varadkar.
Orbán associou hoje o seu apoio à ajuda à Ucrânia ao desbloqueio pela Comissão Europeia de todos os fundos a Budapeste que mantém congelados devido a violações do Estado de direito, dos quais já libertou 10,2 mil milhões de euros na quarta-feira, depois de ser aprovada uma reforma na justiça húngara.
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