O "projeto de apoio à formulação de uma estratégia nacional e plano de ação para a empregabilidade dos jovens nas profissões agrícolas em São Tomé e Príncipe" é financiado pela FAO em 200 mil dólares e será executado durante os próximos 19 meses, segundo o responsável da organização no arquipélago e fontes oficiais.
O representante da FAO, Argentino Pires dos Santos, sublinhou que a juventude é "um grupo transversal" que "faz parte dos mais de 60% de mão-de-obra ativa do país", por isso deve ser mobilizado para a agricultura.
Segundo o representante da FAO apesar da atribuição de terras às famílias do mundo rural, muitos jovens têm-nas abandonado num ato de "êxodo rural acentuado" em busca de melhores condições, referindo a "avalanche de jovens motoqueiros" que se concentram principalmente na capital do país.
O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca, Abel Bom Jesus considera que o projeto da FAO surge num momento gritante da economia do país em que "a juventude tem elegido fugir do seu país em busca da melhoria de vida num outro país".
Abel Bom Jesus referiu que dificuldades existem em todos os países, mas a solução pode passar pela "transformação do setor agrícola em um setor mais atrativo", apoiando os agricultores para serem agro empreendedores, com projetos na agricultura, pecuária e pesca.
O governante admitiu que "a maior parte das terras estão ocupadas", porque foram distribuídas "na primeira República", mas "com a nova dinâmica" o Governo decidiu "retirar as terras às pessoas que não as estão a trabalhar para entregar aos jovens que realmente querem trabalhar", têm alguma experiência e gostam mesmo da agricultura.
"Todos os jovens estão a sair [...] a juventude está muito desacreditada na situação que o país atravessa e é nossa responsabilidade como governantes buscar atrativos para que a juventude continue a acreditar que é possível sonhar e realizar sonhos aqui dentro do nosso país", disse Abel Bom Jesus.
Também presente no lançamento do projeto, a ministra da Juventude e Desporto referiu que o setor agrícola tem desempenhado "um papel crucial e fundamental na economia de São Tomé e Príncipe" e "garante a empregabilidade de aproximadamente 80% da população ativa" englobando "uma franja significativa da população jovem" e contribuindo para 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e o sustento de muitas famílias.
Eurídice Medeiros considerou que para um micro-estado insular como São Tomé e Príncipe "no qual o índice da pobreza ronda os 66,7% da população, segundo dados de 2017, é imprescindível tornar a agricultura atraente para os jovens, levando-os a encarar este setor como lucrativo, promissor e sustentável".
A governante defende que a estratégia que será desenvolvida pela FAO "deve abordar desafios como a falta de acesso à terra, a carência de recurso-o técnicos e financeiros, a falta de capacitação e as dificuldades de comercialização dos produtos agrícolas"
"Tenho a plena convicção de que, ao investirmos na empregabilidade dos jovens nas profissões agrícolas, estaremos a promover não apenas o desenvolvimento económico, mas também a inclusão social e a redução da pobreza em São Tomé e Príncipe", disse Eurídice Medeiros.
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