Stéphane Dujarric, que falava na conferência de imprensa diária, acrescentou que os combates obrigaram já 250 mil pessoas a fugiram daquela região centro-leste do país.
"O secretário-geral está muito preocupado com os relatos de combates entre as forças armadas sudanesas e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) nas proximidades de Wad Madani, no estado de Al-Jazira", afirmou o porta-voz de Guterres.
Na sexta-feira, os combates estenderam-se a Wad Madani, que fica 180 quilómetros a sul de Cartum e se tinha tornado um refúgio para muitas pessoas deslocadas que fugiam dos combates na capital.
À medida que os combates avançavam, os habitantes fugiam da zona.
Desde abril, a guerra já causou pelo menos 12 mil mortos e mais de seis milhões de deslocados neste país da África Oriental, segundo a ONU.
As RSF anunciaram hoje na rede social X a tomada de Wad Madani.
"As nossas bravas forças conseguiram, numa nova vitória histórica, libertar a liderança da 1.ª Divisão de Infantaria e a cidade de Wad Madani, capital do estado de Al-Jazira, dos restos do regime exterminado, num grande e imortal dia, coincidindo com o aniversário da eclosão da gloriosa Revolução de dezembro de 2019", disse o líder das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti".
Uma das razões para entrar nesta cidade foi o facto de terem recebido informações de que o "exército e os remanescentes do antigo regime tinham mobilizado dezenas de milhares de combatentes para atacar as RSF em Cartum".
"Quando esse ataque se tornou iminente, exercemos o nosso direito legítimo de realizar ataques preventivos e conseguimos expandir a área do território libertado do controlo dos remanescentes e apoiantes do antigo regime", afirmou Hemedti.
A confirmar-se o anúncio dos paramilitares, tratar-se-ia de uma das maiores perdas do exército sudanês desde o início da guerra entre as RSF e as forças armadas, em 15 de abril.
Wad Madani é a segunda cidade mais importante do Sudão em termos de população, bem como um centro comercial e económico crucial do país.
O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, ONU alertou hoje para o agravamento da situação humanitária provocada pela deslocação das populações.
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