O presidente francês, Emmanuel Macron, está a ser alvo de críticas por vários grupos feministas e políticos de esquerda, incluindo do seu antecessor François Hollande, por ter apoiado o ator Gérard Depardieu, investigado por violação.
Em causa está o facto de o presidente francês afirmado que Depardieu está a ser alvo de uma "caça ao homem", após ter sido questionado numa entrevista sobre a possibilidade de retirar um prémio estatal ao ator.
"Nunca me verão a participar numa caça do homem… detesto esse tipo de coisas", frisou, em entrevista ao canal de televisão France 5.
"Sou um grande admirador de Gérard Depardieu, é um grande ator... Um génio da sua arte. Tornou a França conhecida em todo o mundo. E, digo-o como presidente e como cidadão, ele orgulha a França", acrescentou.
Esta quinta-feira, o ex-presidente francês, François Hollande, frisou em entrevista à rádio France Inter que o país "não está orgulhoso do ator".
"Não, não estamos orgulhosos de Gérard Depardieu, quando, ao olhar para uma jovem de 12 anos montada num cavalo, ele a sexualiza", frisou Hollande, do Partido Socialista francês, referindo-se a uma reportagem emitida no início deste mês, que mostrava o ator a fazer vários comentários sexistas.
Moi je vais vous parler des femmes agressées, de la violence, la domination, le mépris. C’est ce qui était attendu du président. Non nous ne sommes pas fiers de Gérard Depardieu, quand regardant une jeune fille de 12 ans faisant cheval, il la sexualise.
— François Hollande (@fhollande) December 21, 2023
pic.twitter.com/ks7GAXZiAv
Já Anne-Cécile Mailfert, presidente da Fundação Francesa para as Mulheres, considerou, citada pelo jornal The Guardian, que os comentários foram "vergonhosos, desprezíveis e de outra era".
"C'est gravissime (...) Ce n'est pas un président féministe"
— BFMTV (@BFMTV) December 21, 2023
Réaction de Macron sur Depardieu: le coup de gueule de la présidente de la Fondation des femmes pic.twitter.com/jXln5l3Ycq
Na mesma linha, Yael Mellul, fundadora da organização ‘Femme et libre’ (‘Mulher e liberdade’, em português), afirmou que os comentários são "extremamente graves" e enviam uma mensagem de "apoio maciço" a um homem investigado por violação.
Sophie Bussière, porta-voz do partido ‘Os Verdes’, chamou a Macron "o promotor principal da cultura da violação".
Le Président de la République, promoteur en chef de la culture du #viol. #Depardieu #VSS #Metoo https://t.co/Kotq3X3IqC
— Sophie Bussiere (@sophie_bussiere) December 20, 2023
O ator foi formalmente acusado, em dezembro de 2020, de ter violado e agredido sexualmente a também atriz Charlotte Arnould. Depois disso, outras treze mulheres apresentaram queixas contra Gérard Depardieu por assédio sexual e violência sexual no local de trabalho. Entre as queixas apresentadas estão apalpões, propostas explícitas indesejadas e abuso de poder.
Mais recentemente, no início desta semana, Ruth Baza, uma jornalista e escritora espanhola, fez uma queixa criminal contra Depardieu, acusando-o de a ter violado há quase 30 anos, em Paris.
Leia Também: Macron diz que Gérard Depardieu é vítima de "caça ao homem"