David Kozak era conhecido no seu círculo como sendo um excelente aluno e um rapaz solitário e introvertido. Contudo, online, o atirador de Praga apresentava uma personalidade completamente diferente e não tinha quaisquer pudores em partilhar fantasias doentias sobre tiroteios e assassinatos.
O atirador, de 24 anos que esta quinta-feira matou 13 pessoas na Universidade Charles, em Praga, usou a plataforma online Telegram para discorrer sobre massacres e assassinatos em massa, ao mesmo tempo que se gabava dos seus planos de realizar um tiroteio em escolas.
Segundo os meios de comunicação checos, citados pelo The Telegraph, o jovem escreveu que o seu canal no Telegram seria um "diário" da sua vida "antes do tiroteio".
"Quero atirar em escolas e possivelmente cometer suicídio", escreveu o jovem de 24 anos numa publicação arrepiante. "Sempre quis matar. Achei que me tornaria um maníaco no futuro", acrescentou.
Kozak continuou o texto elogiando 'Ilznaz', que se acredita ser uma referência a Ilznaz Galyaviev, de 19 anos, que assassinou nove pessoas num ataque em 2021 à sua antiga escola em Kazan, na Rússia.
"Quando Ilznaz disparou, percebi que era muito mais lucrativo cometer assassinatos em massa do que assassinatos em série", afirmou.
Kozak também escreveu sobre a atiradora russa Alina Afanaskina, uma jovem de 14 anos que matou a tiro outro estudante e feriu outros cinco com a espingarda do seu pai antes de cometer suicídio na cidade de Bryansk no início deste mês.
"Foi como se ela tivesse vindo do céu em meu auxílio a tempo", escreveu.
Em linha com o que o David escrevera sobre outros atiradores que se suicidaram, já esta sexta-feira, a polícia checa confirmou que o atirador tirou a própria vida depois de ter visto que a polícia o estava a cercar "de todas as direções", noticia a BBC.
Kozak manteve o seu canal no Telegram privado até pouco antes do ataque, quando o abriu para leitura. As passagens mais sombrias são sobre suicídio.
As autoridades checas descartaram quaisquer ligações a organizações terroristas internacionais após o ataque.
"Um tipo introvertido"
Kozak, que entrou na escola vestido de preto e armado com uma espingarda, parece enquadrar-se no perfil de um atirador solitário. Não tinha antecedentes criminais, mas, como proprietário legal de armas, tinha interesse nestas.
Segundo o The Telegraph, formou-se em história e estudos europeus e continuou como mestrando, com foco na história da Polónia.
Vivia na vila de Hostoun, com seu pai - que se suspeita que também tenha matado - numa grande casa de família. "Ele era um tipo introvertido, provavelmente estranho como qualquer outro 'nerd'", disse um morador aos meios locais.
Na manhã de 21 de dezembro suspeita-se que Kozak assassinou o pai antes de ir para Praga, planos entretanto descobertos pela polícia checa, que tentou impedir o ataque.
Do ataque resultaram 13 mortos e 25 feridos, dos quais dez são graves.
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