"Wolfgang Schäuble foi a encarnação do projeto político de apoiar uma União Monetária em que ele próprio não acreditava. Para o fazer, teve de impor uma austeridade violenta, mesmo na Alemanha, e desmantelar as instituições democráticas em países como a Grécia", escreveu Yanis Varoufakis.
Numa publicação no seu 'site' a propósito da morte do antigo ministro alemão das Finanças, conhecido pelas suas tomadas de posição austeras, o responsável grego acrescentou que "Schäuble personificou a contradição explosiva que deu origem à crise do euro e às políticas para a combater, políticas que conduziram, por um lado, ao empobrecimento da Grécia e, por outro, à atual desindustrialização da Alemanha e ao deslize da Europa para a insignificância geopolítica".
"A História julgá-lo-á duramente, mas não mais do que aqueles que sucumbiram ao seu projeto e às suas políticas desastrosas", adiantou Yanis Varoufakis.
Yanis Varoufakis esteve no cargo de ministro das Finanças da Grécia durante seis meses (entre janeiro e julho de 2015) quando o país esteve sob ajustamento macroeconómico no âmbito de três programas (entre 2010 e 2013, 2012 e 2014, e 2015-2018).
Conhecido como "tesoureiro da Europa", Wolfgang Schäuble discordava da visão política de Yanis Varoufakis, que chegou a pedir perdão parcial da dívida grega.
O antigo ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble morreu na terça-feira à noite aos 81 anos, informou hoje a sua família à agência noticiosa alemã dpa.
Wolfgang Schäuble, que ajudou a negociar a reunificação alemã em 1990, foi uma figura central no esforço pesado de austeridade para tirar a Europa da sua crise da dívida mais de duas décadas depois.
Schäuble morreu em casa na noite de terça-feira, disse a família à dpa.
Wolfgang Schäuble tornou-se ministro das Finanças da chanceler Angela Merkel em outubro de 2009, pouco antes das revelações sobre o crescente défice orçamental da Grécia desencadearem a crise que envolveu o continente europeu e ameaçou desestabilizar a ordem financeira mundial.
Apoiante de longa data de uma maior unidade europeia, ajudou a liderar um esforço de anos que visava uma integração mais profunda e um conjunto de regras mais rigoroso. Contudo, a Alemanha foi alvo de críticas pela sua ênfase na austeridade e pela aparente falta de generosidade.
Depois de oito anos como ministro das Finanças, Schäuble consolidou o seu estatuto de estadista mais velho ao tornar-se presidente do parlamento alemão -- o último passo numa longa carreira política na linha da frente.
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