Ex-PM do Sudão apela a encontro entre líderes das forças em conflito
O antigo primeiro-ministro sudanês pediu hoje ao chefe do exército que aceite "um encontro presencial" para discutir um possível cessar-fogo, depois de o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) ter anunciado estar aberto a essa possibilidade.
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Mundo Sudão
O antigo primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, considerou, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), que a iniciativa por parte do grupo paramilitar - a primeira em oito meses de guerra - não deve ser desperdiçada e é uma "oportunidade de alcançar a paz".
"Apelo ao chefe das Forças Armadas sudanesas que aceite o pedido de uma reunião presencial com a Coordenação das Forças Civis Democráticas (Taqaddum) [liderada por Hamdok] para aproveitar a oportunidade de parar a guerra", declarou Hamdok na rede social X.
Segundo Hamdok, esta iniciativa é possível pois o líder das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por "Hemedti", manifestou a sua vontade nesse sentido e sublinhou que o antigo "número dois" de Abdel Fattah al-Burhan "mostrou a sua total disponibilidade para uma cessação incondicional das hostilidades após negociações diretas com as Forças Armadas".
"Devemos fazer o nosso melhor para parar a guerra e alcançar uma paz sustentável para o nosso amado país", disse Hamdok, deposto em outubro de 2021 num golpe liderado por al-Burhan e depois apoiado por 'Hemedti'.
"Estendemos as nossas mãos limpas para uma solução pacífica e negociada e esperamos que as partes em conflito respondam para que possamos aliviar o sofrimento do nosso povo e construir a nossa pátria sobre novos pilares para fazer da guerra de 15 de abril a última guerra no Sudão e ser seguida por uma paz sustentável", concluiu.
As RSF e as Forças Civis Democráticas do Sudão chegaram a acordo, em 02 de janeiro, para pôr termo à guerra, assegurando a integração dos paramilitares no exército.
As RSF comprometeram-se a libertar 451 prisioneiros de guerra, detidos sob a sua custódia desde o início dos combates com o exército sudanês.
O compromisso estabelece igualmente um mecanismo, controlado pelo Comité Nacional para a Proteção dos Civis, para o regresso dos mais de sete milhões de deslocados pela guerra, bem como para a reconstrução e o restabelecimento de mercados, hospitais e serviços essenciais.
O documento contempla ainda a criação de uma outra comissão para "investigar quem começou a guerra", desencadeada por uma luta pelo poder entre o exército e as RSF, bem como para "controlar todas as violações" dos direitos humanos cometidas desde o início das hostilidades.
Várias organizações de defesa dos direitos humanos e países, incluindo os Estados Unidos, acusaram tanto o exército como as RSF de terem cometido crimes contra a Humanidade e mesmo limpezas étnicas durante a guerra, o que foi negado por ambas as partes.
A guerra já causou mais de 12.000 mortos, segundo as Nações Unidas.
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