O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, despediu-se esta sexta-feira do antigo presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, durante as cerimónias fúnebres, prestando "homenagem a um dos pais fundadores" da União Europeia (UE).
"Jacques Delors foi um visionário, pensador e realizador europeu. Um arquiteto do nosso projeto da União Europeia", declarou Michel através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), na qual juntou imagens do momento da despedida.
O responsável europeu considerou ainda que toda a Europa está agora reunida para "saudar a sua memória", que ficará "para sempre ligada ao destino europeu".
Nous rendons aujourd'hui hommage à l'un de nos pères fondateurs.
— Charles Michel (@CharlesMichel) January 5, 2024
Jacques Delors était un visionnaire, un penseur et un acteur de l'Europe. Un architecte de notre projet européen.
Nous sommes rassemblés à travers tout notre continent pour saluer sa mémoire qui restera à jamais… pic.twitter.com/Za81Fr0non
Outros líderes europeus, incluindo o Presidente da República português, estiveram em Paris na homenagem da França a Delors, que foi presidida pelo chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "Delors foi essencial para fazer a Europa que temos" hoje.
"Ele fez o alargamento, nós devemos a entrada de Portugal [na UE] a Delors porque deu a volta a vários países que estavam contra, fez o aprofundamento, a União Europeia, o euro. E nós portugueses nunca esqueceremos que esteve sempre ao nosso lado, quando outros não estavam", afirmou o chefe de Estado português.
De recordar que Jacques Delors morreu na manhã de 27 de dezembro "durante o sono", na sua casa em Paris, segundo anunciou a sua filha, Martine Aubry. O ex-ministro das Finanças e da Economia francês tinha 98 anos.
Figura da construção do projeto europeu e considerado o "pai do euro", Jacques Delors foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 (durante três mandatos).
No seio da UE, ficou conhecido por ter aprovado o Ato Único Europeu, em 1986, que levou à criação do Mercado Único, o primeiro do género ao nível mundial, em 1993.
Foi protagonista na transformação da Comunidade Europeia em União Europeia, o que permitiu uma transição para a moeda única (o euro) e para uma maior cooperação ao nível da defesa.
Nome incontornável da esquerda francesa, foi ainda ministro francês das Finanças e eurodeputado.
Jacques Delors frustrou as esperanças desta ala partidária ao recusar apresentar-se às eleições presidenciais de 1995 em França. Na altura, era favorito nas sondagens.
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