Morte de alto dirigente do Hamas? "A resposta é inevitável"

O líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou hoje ser "inevitável" uma resposta ao ataque israelita que, na terça-feira, matou o 'número dois' do Hamas nos subúrbios de Beirute.

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Lusa
05/01/2024 16:24 ‧ 05/01/2024 por Lusa

Mundo

Israel

"A resposta é inevitável", assinalou Hassan Nasrallah, num discurso televisivo, qualificando como "grave" o ataque atribuído a Israel e assegurando ainda que "não ficará sem resposta" pelo movimento pró-iraquiano "no campo de batalha".

Saleh al-Arouri e seis outros responsáveis do Hamas foram mortos na noite de terça-feira, num ataque atribuído a Israel contra um escritório do movimento islamita palestiniano, um aliado do Hezbollah.

Um dia depois do ataque, Hassan Nasrallah tinha garantido que a morte do 'número dois' do Hamas "não ficaria impune", mas sem avançar detalhes.

Telavive não assumiu a autoria deste ataque, referindo no entanto que as forças israelitas estão num "momento de preparação muito forte", de acordo com um comunicado do Exército divulgado durante a visita, na quarta-feira, do chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Herzi Halevi, à fronteira com o Líbano.

Uma fonte da Defesa dos Estados Unidos disse sob anonimato à agência France-Presse (AFP) que al-Arouri e os seus companheiros foram mortos por "um ataque israelita", mas o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, afirmou entretanto que Washington não tem informações suficientes para apontar responsabilidades.

No dia do ataque, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, defendeu que "este novo crime israelita visa arrastar o Líbano para uma nova fase de confrontos" e ordenou a apresentação de uma queixa urgente ao Conselho de Segurança da ONU, "no contexto do flagrante ataque à soberania libanesa".

Os confrontos entre o Exército israelita e o Hezbollah, os maiores desde 2006, estavam até agora limitados às zonas fronteiriças no sul do Líbano, num momento em que se têm multiplicado os avisos no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o receio da propagação do conflito na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas a outras regiões do Médio Oriente.

Desde o início da violência transfronteiriça, foram registadas pelo menos 177 mortes: 13 em Israel (nove soldados e quatro civis) e 164 no Líbano, incluindo 127 membros do Hezbollah, 16 membros de milícias palestinianas, um soldado e 20 civis, entre os quais três crianças e três jornalistas.

As autoridades de Telavive enviaram mais de 200 mil soldados para a região fronteiriça, onde a violência também deslocou milhares de residentes, com cerca de 80 mil pessoas retiradas de comunidades no norte de Israel e mais de 70 mil em fuga do sul do Líbano.

Saleh al-Arouri, que era vice-chefe político do Hamas, estava na mira de Telavive há anos e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo de o Hamas realizar seu ataque surpresa em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.

Em 2015, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos designou-o como "terrorista global especialmente designado", oferecendo cinco milhões de dólares (cerca de 4,5 milhões de euros) por informações sobre ele.

No Líbano desde 2018, al-Arouri chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia e esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010, sendo-lhe atribuído vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.

Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque a Israel de 07 de outubro.

A guerra em curso, que completa no domingo 14 semanas, começou quando o Hamas atacou Israel, provocando, segundo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 mortos, além de ter sequestrado 240 pessoas, das quais mais de 120 ainda se encontram em cativeiro.

A retaliação israelita na Faixa de Gaza fez mais de 22.400 mortos e cerca de dois milhões de deslocados, bem como desencadeou uma crise humanitária grave devido ao colapso de hospitais, falta de medicamentos, alimentos, água e eletricidade, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano controladas pelo Hamas.

Leia Também: Israel. Ex-militares investigarão falhas de segurança e levaram a ataques

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