Comissão eleitoral russa aprova candidato presidencial comunista
A comissão eleitoral da Rússia registou hoje o comunista Nikolai Kharitonov como candidato à Presidência nas eleições de março, nas quais o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, procura a reeleição.
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Mundo Rússia/Ucrânia
Kharitonov, um deputado veterano de 75 anos, apresentou os documentos necessários a 03 de janeiro, em pleno período de férias de Natal.
A comissão tomou a decisão por unanimidade, após ter concluído que não havia motivos para rejeitar a inscrição do candidato comunista.
Dois outros candidatos já tinham sido aprovados para a corrida de 15 a 17 de março: o político de extrema-dieita Leonid Slutsky e o representante do Novo Povo Vladislav Davankov, ambos de partidos que apoiam largamente, no parlamento, as políticas de Putin.
O Partido Comunista Russo elegeu o deputado da Duma, câmara baixa da Assembleia Federal russa, como candidato no congresso federal de 23 de dezembro.
O principal slogan do seu manifesto eleitoral é "Brincamos ao capitalismo e já chega".
Kharitonov tem-se oposto a algumas das políticas internas de Putin, mas não à operação militar da Rússia na Ucrânia.
Embora o candidato comunista obtenha normalmente o segundo maior número de votos, Kharitonov não representa um desafio significativo para Putin. Como candidato do partido nas eleições de 2004, obteve apenas 13,8% dos votos.
O jornal online Meduza noticiou na altura que o Kremlin não estava satisfeito com a recusa do líder comunista Guennadi Ziuganov em participar nas eleições.
A administração presidencial alega que Ziuganov tomou esta decisão sem a consultar, embora outras fontes sugiram que poderá ter chegado a acordo, por baixo da mesa, com o próprio Putin, que está no poder desde 2000.
Ziuganov, de 79 anos, terá chegado à conclusão de que já não participará nas eleições presidenciais de 2030, pelo que não quer ser uma mera figura de corpo presente na reeleição de Putin para mais um mandato de seis anos.
A nomeação de Kharitonov também foi mal vista pela base comunista, que o considera muito velho e quase completamente desconhecido.
A equipa de campanha de Putin informou na segunda-feira que já recolheu mais de 1,3 milhões de assinaturas para o seu registo como candidato.
Todos os candidatos independentes têm até ao final do mês para recolher as 300.000 assinaturas necessárias, num máximo de 7.500 por região.
Embora Putin se candidate como independente, tem o apoio do partido Rússia Unida, do Kremlin, e dos sociais-democratas da Rússia Justa, que não apresentarão candidatos próprios.
Nesta fase, não se sabe se a CEC irá registar o liberal Boris Nadezhdin, o único candidato anti-guerra que, como é apoiado por um partido (Iniciativa Cívica) mas não tem representação parlamentar, apenas necessita de 100.000 assinaturas.
De acordo com a imprensa independente, o Kremlin excluiu, em princípio, a possibilidade de qualquer candidato que defenda abertamente a paz na Ucrânia concorrer às eleições.
No mês passado, Yekaterina Duntsova, que milita pela democracia e pelo fim da guerra contra a Ucrânia, viu a sua candidatura rejeitada.
A comissão eleitoral recusou-se a aceitar a candidatura inicial de Yekaterina Duntsova apresentada por um grupo de apoiantes, alegando erros na documentação, incluindo a ortografia. O Supremo Tribunal rejeitou o recurso de Duntsova contra a decisão da comissão.
Putin, 71 anos, que é aprovado por 80% dos russos de acordo com as sondagens oficiais, obteve 76% dos votos no escrutínio de 2018.
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