Blinken deixa aviso a Hutis: "Se continuarem, haverá consequências"
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, deu uma conferência de imprensa depois de viajar por vários países - com os quais falou sobre a guerra no Médio Oriente. Evitar a expansão do conflito a nível regional foi um dos principais assuntos.
© ALBERTO PIZZOLI/AFP via Getty Images
Mundo Israel/Palestina
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, deu, esta terça-feira, uma conferência de imprensa em Telavive, Israel, onde se encontra depois de visitar vários países num esforço diplomático para evitar a expansão do conflito.
O responsável apontou que a Organização das Nações Unidas (ONU) vai levar a cabo uma “missão de avaliação” antes do regresso dos palestinianos deslocados. Esta missão terá como objetivo perceber o que é necessário fazer para que estes possam de facto fazê-lo.
Blinken indicou que Israel aceita "o princípio" de uma missão de avaliação da ONU no norte da Faixa de Gaza para avaliar o regresso dos palestinianos deslocados pela guerra. "Estamos hoje de acordo sobre um plano que permita às Nações Unidas conduzir uma missão de avaliação, que determine o que deve ser feito para permitir que os palestinianos deslocados regressem às suas casas em segurança no norte" da Faixa de Gaza, declarou Blinken após um encontro com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Alertando que a situação não acontecerá “de um dia para o outro” e que existem “sérios desafios”, tanto a nível da segurança, como das infraestruturas ou devido a razões humanitárias, Blinken sublinhou que o acordo "dará início a um processo de avaliação destes obstáculos e da forma como podem ser ultrapassados".
“Os civis palestinianos devem poder voltar a casa assim que as condições o permitirem”, sublinhou. Momentos depois, Blinken referiu mesmo que os civis não deveriam ser "pressionados" a sair de Gaza e rejeitou que os Estados Unidos aceitassem qualquer proposta que envolvesse a reinstalação dos residentes num outro local que não nesse território. Segundo o governante, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garantiu-lhe que essas não eram "as políticas do [seu] governo".
Durante a conferência, Blinken falou ainda da acusação levada a cabo pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, onde o país acusa Israel de genocídio. Blinken classificou o caso como uma "distração".
Em relação aos recentes ataques levados a cabo pelos Hutis no Mar Vermelho, quando questionado sobre a possibilidade de uma resposta dos EUA a estes ataques, Blinken explicou qu não era do interesse de ninguém ver "uma escalada", mas foi peremptório: "Se as nossas forças forem atacadas ou ameaçadas, tomaremos as medidas adequadas. Vamos responder, vamos protegê-las - já o demonstrámos no passado, e faremos o mesmo se tiver de ser".
Apesar de sublinhar que não se deve especular sobre o futuro, Blinken esclareceu: "Só queremos esclarecer que se estas ações dos Hutis continuarem, haverá consequências".
As visitas de Blinken
Blinken esteve nos últimos dias em périplo pelo Médio Oriente, onde se reuniu com os dirigentes de países de peso do Golfo como o Qatar, os Emirados Árabes Unidos ou Arábia Saudita, e hoje assegurou que encontrou disponibilidade da parte destes interlocutores para contribuir para a reconstrução de Gaza.
"Uma das coisas que ouvi muito claramente nesta viagem é que muitos países estão dispostos a investir na reconstrução de Gaza e na sua segurança, e a apoiar os palestinianos a governarem-se", explicou o secretário de Estado dos EUA, que reiterou a necessidade de fomentar a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.
Para que haja uma via construtiva pós-guerra em Gaza, algo "essencial" para os países da região é que "se defina um caminho real para a materialização de um Estado palestiniano", adiantou.
[Notícia atualizada às 19h58]
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