O Governo norte-americano anunciou em dezembro uma coligação militar composta por mais de 20 nações, incluindo Espanha, com o nome Operação Prosperity Guardian.
Mas Espanha defende, por sua vez, que qualquer missão no mar Vermelho para garantir a segurança marítima deve ser uma operação específica com entidade própria na qual participem as forças navais dos países europeus que pretendam participar e não uma mera extensão da Missão Atalanta contra a pirataria no Oceano Índico, noticiou a agência Efe.
De acordo com um comunicado do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o general Charles Brown falou hoje com o homólogo espanhol, o almirante Teodoro López Calderón, sobre cooperação estratégica em questões de segurança, com especial ênfase na situação na Europa e no Médio Oriente.
Também abordaram "os contínuos ataques ilegais" dos rebeldes houthis "contra navios comerciais que operam em águas internacionais no mar Vermelho".
Brown, ainda de acordo com o comunicado, "reiterou o desejo dos Estados Unidos de trabalhar com todas as nações que partilham o interesse de defender o princípio da liberdade de navegação e garantir a passagem segura do transporte marítimo global".
"A Espanha é um aliado vital da NATO e partilha uma relação estratégica de longa data com os Estados Unidos", apontou ainda.
Após a publicação da declaração do Chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, a Embaixada dos EUA em Madrid adiantou, em comunicado, que embora seja o desejo dos Estados Unidos de trabalhar com todas as nações na defesa da liberdade de navegação, "esse não foi o propósito da conversa telefónica".
A embaixada norte-americana em Espanha especificou ainda que esta foi a primeira conversa desde que Brown se tornou chefe do Estado-Maior Conjunto, em 01 de outubro de 2023.
"Devido à estreita parceria entre os Estados Unidos e a Espanha, esta teleconferência foi agendada com várias semanas de antecedência, como parte da apresentação do General Brown aos principais aliados e parceiros dos EUA", realçou ainda, sublinhando que "Espanha é um aliado indispensável, parceiro e amigo dos Estados Unidos."
Após o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas em Gaza, em 07 de outubro, os houthis lançaram diversos ataques de mísseis e 'drones' [aeronaves não tripuladas] contra o sul de Israel e também contra navios propriedade ou ligados a Israel.
Em reação, várias empresas de transporte suspenderam as suas operações na região.
Em 06 de janeiro, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, não mencionou expressamente a possível participação de Espanha na missão, mas sublinhou que Espanha sempre demonstrou ser "um aliado sério, responsável e empenhado" em todas as operações no estrangeiro em que participa e destacou que a procura da paz é uma prioridade das Forças Armadas espanholas.
Dois dias antes tinha sido mais categórica ao garantir que "nenhum país, qualquer que seja, diz a Espanha o que fazer", numa referência à declaração dos EUA de que as forças espanholas iam participar na missão no mar Vermelho.
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