China adverte para retaliação económica face a "secessionismo" de Taiwan
Analistas citados pela imprensa oficial chinesa advertiram hoje que a retórica e ações "secessionistas" do Partido no poder em Taiwan são "contrárias" aos interesses de desenvolvimento do território e advertiram que Pequim pode adotar medidas económicas retaliatórias.
© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo China
A advertência surge nas vésperas de Taiwan realizar eleições presidenciais e legislativas e a propósito de diretrizes difundidas pelas autoridades chinesas para apoiar uma maior integração económica e comercial entre a província de Fujian, no leste da China, e Taiwan.
As diretrizes referem que Fujian vai estabelecer um sistema institucional e um modelo regulamentar conducentes à promoção do desenvolvimento integrado entre as duas margens do Estreito da Formosa.
Fujian vai também criar uma zona de cooperação industrial Fujian - Taiwan nos setores da economia digital, circuitos integrados, novas energias, baterias de lítio, petroquímica ou têxteis.
"Estas medidas demonstram os esforços inabaláveis do continente [chinês] para promover o desenvolvimento integrado da cooperação económica e comercial entre as duas margens do Estreito e a sua boa vontade para com os compatriotas de Taiwan", disse Wang Jianmin, investigador da Universidade Normal de Minnan, em Fujian, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.
Wang defendeu que, em contraste com a "boa vontade" de Pequim, as autoridades do Partido Democrático Progressista (PDP), no poder em Taiwan, só têm "interferido, perturbado e minado a cooperação económica e comercial entre as duas margens do Estreito".
Isto "prejudica diretamente os interesses vitais dos compatriotas de Taiwan", defendeu.
O Global Times acusou as autoridades do PDP de "tentarem cortar os laços económicos e comerciais" entre as duas margens do Estreito, ao "ignorar as disposições do Acordo-Quadro de Cooperação Económica (ECFA) entre o continente e a ilha".
Citado pelo Global Times, Zhang Wensheng, vice-reitor do Instituto de Pesquisa de Taiwan da Universidade de Xiamen, em Fujian, disse que "as políticas da China continental refletem plenamente a sua boa vontade para com Taiwan".
"O continente sempre manteve a boa vontade para com os compatriotas de Taiwan e também espera que os compatriotas de Taiwan tratem Fujian como a sua casa", explicou.
O analista advertiu que se as autoridades do PDP continuarem a praticar "ações secessionistas e a pôr em risco a cooperação entre as duas margens do Estreito", o continente chinês vai tomar medidas firmes em resposta.
As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do PDP, assumiu o poder, em 2016. Tsai enfatizou uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusou-se a reconhecer o Consenso Pequim - Taipé de 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio 'Uma só China'.
O Governo chinês interrompeu os contactos oficiais com Taipé e passou a enviar navios e aviões militares para áreas ao redor da ilha. O continente chinês lançou também uma campanha para isolar o território internacionalmente: sete países cortaram desde então os laços com Taipé e passaram a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.
Taiwan vai realizar no sábado eleições presidenciais e legislativas, cujos resultados são cruciais para a relação entre Pequim e Taipé.
As eleições são disputadas sobretudo entre William Lai, atual vice-presidente de Taiwan e candidato do PDP, tradicionalmente pró - independência, e o Kuomintang (Partido Nacionalista), favorável a uma aproximação a Pequim.
Lai é visto pelo regime chinês como um separatista e um defensor da independência formal do território. Pequim advertiu os eleitores da ilha que uma vitória de Lai vai empurrar o território "para a beira da guerra".
Apesar de uma queda de quase 10%, as exportações de Taiwan para a China representaram 35,25% do total das vendas da ilha ao exterior em 2023.
No total, as exportações de Taiwan para o continente fixaram-se em 432,5 mil milhões de dólares (395 mil milhões de euros).
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