Genocídio? Netanyahu agradece a Alemanha por alinhar ao lado de Israel

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, agradeceu hoje ao chanceler alemão, Olaf Scholz, a decisão da Alemanha de participar ao lado de Israel no processo de genocídio instaurado a pedido da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).

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© RONEN ZVULUN/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
12/01/2024 20:56 ‧ 12/01/2024 por Lusa

Mundo

Benjamin Netanyahu

"A posição da Alemanha, do lado da verdade, entusiasma todos os cidadãos de Israel. Não se deve permitir que uma conspiração cheia de hipocrisia e malícia prevaleça sobre os princípios morais partilhados pelos nossos dois países e por todo o mundo civilizado", disse Netanyahu a Scholz na conversa telefónica, indicou o gabinete do primeiro-ministro israelita.

O Governo alemão rejeitou hoje as acusações de genocídio contra Israel, apresentadas pela África do Sul no tribunal superior da ONU e apoiadas por dezenas de países, e advertiu contra a "instrumentalização política" de tal denúncia.

Num comunicado, o porta-voz do executivo alemão, Steffen Hebestreit, sustentou que, na sua ofensiva militar à Faixa de Gaza, Israel estava "a defender-se", após os ataques "desumanos" perpetrados a 07 de outubro pelo movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, e anunciou que a Alemanha iria intervir como "terceira parte" no TIJ, ao abrigo de um artigo que permite aos Estados pedir esclarecimentos sobre a utilização de uma convenção multilateral.

Na qualidade de signatária da Convenção sobre o Genocídio, de 1948, a Alemanha tem o direito de se associar a processos e de apresentar os seus argumentos sobre os casos, e pode apresentar-se como terceira parte neste processo porque não tem qualquer litígio com a África do Sul.

A Alemanha intervirá na audiência principal, o que não implicou alterações à audiência preliminar que teve lugar entre quinta-feira e hoje, na qual a África do Sul pediu medidas provisórias para obrigar Israel a um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

O tribunal poderá tomar uma decisão dentro de um mês.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, 127 dos quais permanecem em cativeiro.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 98.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 23.000 mortos e pelo menos 59.000 feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, pelo menos 315 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos.

Leia Também: Blinken volta a defender proteção dos civis em Gaza

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