Sudão. "Mais de 7,7 milhões já foram forçadas a fugir das suas casas"
A diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) apelou hoje à comunidade internacional que aumente os esforços de financiamento no Sudão pois "mais de 7,7 milhões de pessoas já foram forçadas a fugir das suas casas".
© Lusa
Mundo Amy Pope
"É urgentemente necessária uma resposta humanitária coordenada e continuada face às necessidades crescentes da maior crise de deslocados do mundo", declarou a diretora-geral daquela agência da ONU, Amy Pope, citada num comunicado de imprensa hoje divulgado.
Seis milhões de pessoas estão deslocadas dentro do Sudão, enquanto outros 1,7 milhões fugiram através das fronteiras para os países vizinhos: Sudão do Sul, Chade, Etiópia, Egito, República Centro-Africana e Líbia, de acordo com o comunicado.
"É urgentemente necessário um cessar-fogo no Sudão para que as pessoas possam reconstruir as suas vidas com dignidade. Não podemos virar as costas ao sofrimento de milhões de pessoas afetadas por este conflito devastador", afirmou Amy Pope, após a sua recente visita ao Chade, onde observou o impacto do conflito nas pessoas deslocadas.
"Agora, mais do que nunca, precisamos de todo o apoio possível para continuar a prestar assistência humanitária, que salva vidas, e avançar para a recuperação e soluções a longo prazo", salientou.
Para 2024, a OIM está a pedir 307 milhões de dólares (cerca de 282 milhões de euros) para chegar a 1,2 milhões de pessoas afetadas por este conflito, incluindo deslocados internos, refugiados, repatriados e pessoas de outros países que também estão a ser afetadas pela guerra.
Mais de 600.000 das pessoas que fogem da violência encontram-se no Chade. Destas, mais de 136.000 são chadianos recém-regressados que viviam no Sudão, mas foram forçados pelo conflito a regressar ao Chade, bem como trabalhadores migrantes de outros países e respetivas famílias, segundo a organização.
Até à data, a OIM prestou assistência a mais de um milhão de pessoas no Sudão e nos países vizinhos. Isto inclui a prestação de assistência monetária a cerca de 73.000 pessoas e a facilitação do transporte de 150.000 para locais seguros nos países vizinhos.
"A OIM e os seus parceiros têm prestado assistência essencial em matéria de saúde, proteção, água, saneamento, higiene e abrigo às pessoas vulneráveis devido ao conflito", concluiu-se no comunicado.
O conflito que eclodiu em 15 de abril de 2023 entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhane e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), do general Mohamed Hamdane Daglo, já matou mais de 13 mil pessoas, segundo a estimativa da organização não-governamental (ONG) Projeto de Dados sobre Localização e Eventos de Conflitos Armados (ACLED, na sigla em inglês).
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