As autoridades da Somalilândia alegaram que, em troca deste acesso ao mar, a Etiópia tornar-se-ia o primeiro país a reconhecê-los oficialmente, algo que nenhum outro país fez desde que este pequeno território de 4,5 milhões de habitantes proclamou unilateralmente a independência da Somália em 1991.
A Somália criticou duramente o acordo, que considerou uma agressão etíope, apelando à comunidade internacional para que o denuncie.
"Não há lugar à mediação a não ser que a Etiópia abandone este memorando de entendimento ilegal e reafirme a soberania e a integridade territorial da Somália", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros somali num comunicado divulgado nas redes sociais.
Na véspera, o Conselho de Paz e Segurança da União Africana apelou à Etiópia e à Somália para gerirem o caso com contenção.
Muitos países e organizações internacionais (liderados pelos Estados Unidos, China, União Europeia, União Africana e Liga Árabe) apelaram ao respeito pela soberania da Somália.
Este episódio reacendeu as tensões entre a Somália e a Etiópia, cujas relações têm sido marcadas nomeadamente por duas guerras sobre Ogaden (1963-64, 1977-78), uma região no sudeste da Etiópia com uma população maioritariamente somali e reivindicada por Mogadíscio.
Hassan Cheikh Mohamoud acusou igualmente a Etiópia de estar a dar "uma oportunidade de reavivar" o grupo radical islâmico Al-Shebab, afiliado à Al-Qaida, contra o qual as autoridades de Mogadíscio lutam há mais de 15 anos.
O acordo também reacendeu as tensões regionais.
O Egipto, que está em conflito aberto com a Etiópia por causa da Grande Barragem do Renascimento construída por Adis Abeba no Nilo, fez uma série de declarações de apoio ao Governo somali.
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