O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), uma organização não-governamental (ONG) com sede nos Estados Unidos, divulgou hoje a Lista de Conflitos a Acompanhar em 2024.
Relativamente ao Sahel, a ONG considera que a insegurança nesta região, que dura há décadas, "está a entrar numa nova fase, à medida que as forças estatais lideradas por juntas militares recorrem a táticas mais agressivas".
"É provável que as juntas militares que governam o Burkina Faso, o Mali e o Níger continuem a moldar as políticas de segurança da região em 2024. A sua ascensão no Sahel deu início a uma nova era, que levou à retirada das tropas francesas, ao fim da missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Mali e ao reforço" da presença russa, através da empresa de mercenários Grupo Wagner.
No caso do Sudão, o controlo do estado do Darfur pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) "poderá prolongar ainda mais os combates", que já deslocaram milhões de pessoas e causaram milhares de mortes desde o início do conflito, em 15 de abril de 2023.
"Encorajadas pelos seus êxitos [militares] em Cartum e no Darfur e pela ausência de esforços diplomáticos para conseguir um cessar-fogo total, as RSF estão a deslocar-se para sul e para leste", sem que o exército sudanês consiga evitar o reforço do seu poder.
Quanto à RDCongo, um dos países que partilha fronteira com Angola, o ACLED sustenta que, na sequência das eleições nacionais de dezembro, o recém-reeleito Presidente Félix Tshisekedi "terá de enfrentar múltiplas ameaças à segurança, a retirada das forças militares e de manutenção da paz internacionais e uma relação conturbada com vários vizinhos orientais - especialmente o Ruanda".
A disputa com o Ruanda, com os dois países a acusarem-se mutuamente de apoio a organizações e movimentos que se opõem aos regimes de Kigali e Kinshasa, respetivamente, é destacada pelo ACLED.
"Os crescentes confrontos diretos" entre as Forças Armadas da RDCongo e as do Ruanda no final de 2023 "continuam a representar um risco de escalada entre os dois países", acrescenta.
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