Olaf Scholz acusa extrema-direita de atacar democracia e coesão social
O chanceler alemão, Olaf Scholz, acusou hoje a extrema-direita de querer destruir a democracia e a coesão social e saudou as protestos que há uma semana decorrem em várias cidade contra o partido Alternativa para a Alemanha (AfD).
© Michael Kappeler/picture alliance via Getty Images
Mundo Chanceler alemão
"De Colónia a Dresden, de Tubinga a Kiel, nos últimos dias centenas de milhares de pessoas têm saído à rua na Alemanha. Para dar a cara pela nossa democracia e contra a ultra direita", disse o político social-democrata numa mensagem vídeo hoje divulgada.
O próprio Scholz participou domingo numa manifestação em Potsdam, onde em novembro passado ocorreu uma reunião secreta na qual membros da AfD debateram planos para expulsar milhões de migrantes, incluindo os que já possuem passaporte alemão.
"Vou dizê-lo muito claramente e com dureza: os ultra-direitistas estão a atacar a nossa democracia. Querem destruir a nossa coesão", sentenciou o chanceler.
Scholz também perguntou como se sentem os mais de 20 milhões de cidadãos de origem migrante.
"Alguns perguntam se ainda têm futuro aqui na Alemanha. Isso é terrível, e por isso quero dizer a todos, que são parte de nós. O nosso país precisa de vós", acrescentou.
O chanceler recordou que uma nova lei do Bundestag (câmara baixa do parlamento) estabelece que o migrante que opte por viver na Alemanha e partilhe os seus valores poderá no futuro obter um passaporte alemão ao fim de cinco anos, em vez dos oito atuais.
Scholz também sublinhou que a Alemanha deve muito aos que chegaram ao país como "trabalhadores convidados" (a designação em alemão para os trabalhadores de origem estrangeira).
"Vocês ajudaram a construir a prosperidade da Alemanha. O nosso país deve-lhes muito. É por isso que também reconhecemos os sucessos das suas vidas como parte do processo de naturalização", assinalou.
"O racismo, o antissemitismo, e outras atitudes anti-humanas não são compatíveis com a naturalização", insistiu.
Reiterou ainda que no país da Europa central "a intolerância não se tolera" e que o direito de asilo também integra a ordem constitucional da Alemanha.
No entanto, o chanceler frisou que qualquer pessoa que pretenda permanecer no país e garantir o estatuto de cidadania "deve assumir um compromisso claro com os valores fundamentais da nossa Constituição democrática" e integrar-se ao aprender a língua alemã e trabalhar.
"Foram enviadas instruções aos institutos de emprego para que sejam apoiados nesse sentido", prosseguiu.
O chanceler admitiu que todos os que chegam ou pretendem chegar à Alemanha têm o direito de permanecer no país.
Recordou que, nos últimos meses, a Alemanha reforçou de forma significativa o controlo das suas fronteiras, que resultou numa diminuição do número de entradas não autorizadas.
Scholz também acrescentou que através de nova lei aprovada durante esta semana, os repatriamentos de migrantes vão tornar-se "mais fáceis e rápidos".
O chefe do Governo de coligação germânico frisou ainda que a Alemanha deve "organizar a migração melhor que anteriormente, de forma mais pragmática", mas "sobretudo sem ódio nem ressentimentos".
"Se existe algo que nunca mais poderá ter lugar na Alemanha é a ideologia racial nacional-socialista", sentenciou numa referência aos planos abordados por membros da extrema-direita em Potsdam.
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