O escândalo de espionagem causou uma crise diplomática na altura, com a Itália a expulsar imediatamente dois funcionários russos e, em seguida, um diplomata italiano foi expulso de Moscovo.
Walter Biot, de 58 anos, capitão de fragata que trabalhava com o Estado-Maior da Defesa em Roma, foi detido em flagrante delito na capital italiana em março de 2021, depois de ser seguido até um estacionamento onde entregou documentos a um oficial militar russo, em troca de 5.000 euros.
Este ex-oficial vai recorrer da pena de 20 anos de prisão, proferida hoje à porta fechada por um tribunal que o indiciou por espionagem, divulgação de segredos de segurança nacional e corrupção.
Já está em curso outro recurso para contestar outra pena, de 30 anos de prisão, proferida por um tribunal militar em março de 2023.
"Temos dois procedimentos em paralelo", sublinhou à agência France-Presse (AFP) o advogado do arguido, Roberto de Vita, facto que considera "sem precedentes".
O mais alto tribunal de recurso de Itália terá que decidir qual condenação será levada em consideração, frisou o advogado.
Os procuradores militares, que defendiam a pena de prisão perpétua, estimaram que 19 documentos alegadamente fotografados por Walter Biot com o seu telemóvel foram classificados como "muito confidenciais da NATO", incluindo um que era "ultrassecreto", segundo a agência de notícias italiana Ansa.
Após a sua detenção, a sua mulher referiu aos 'media' italianos que Walter Biot precisava muito de dinheiro porque o seu salário mensal de 3.000 euros era insuficiente para satisfazer as necessidades dos seus quatro filhos, um dos quais estava gravemente incapacitado, bem como dos seus quatro cães.
"Ele não é estúpido. Ele não é irresponsável. Só que estava desesperado", destacou, na altura.
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