Gabinete de Abbas pede aos EUA reconhecimento de Estado palestiniano
O gabinete de Mahmud Abbas exigiu hoje que os Estados Unidos da América reconheçam o Estado palestiniano, após declarações em contrário de Netanyahu, enquanto o Governo norte-americano defende uma solução de dois Estados no conflito entre Israel e Hamas.
© Lusa
Mundo Israel
"O que é exigido dos Estados Unidos da América [EUA] é que reconheçam o Estado da Palestina e não apenas falem sobre uma solução de dois Estados, e este é o momento certo para o fazer", disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestiniano, citado pela agência de notícias oficial palestina Wafa.
O porta-voz de Mahmud Abbas acrescentou que o Governo israelita "não está preocupado com a paz ou a estabilidade, e ainda se recusa a reconhecer que a paz não será alcançada sem o estabelecimento de um Estado palestiniano independente, com Jerusalém Oriental como capital".
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), presidida por Abbas, enfatizou esta posição depois de Benjamin Netanyahu ter dito, na quinta-feira, que expressou a sua oposição aos EUA à criação de um Estado palestiniano como caminho para um possível cenário pós-guerra em Gaza, onde Israel também rejeita que a ANP possa assumir o controlo quando o Hamas for derrotado.
Por sua vez, segundo um comunicado divulgado pelo seu gabinete, Netanyahu garantiu hoje que na conversa de sexta-feira com o Presidente Joe Biden sublinhou a sua oposição "à soberania palestiniana" sobre Gaza num cenário pós-guerra e sublinhou que Israel manterá a segurança e controle sobre o território.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os mais recentes números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas cerca de 25.000 pessoas - na maioria mulheres, crianças e adolescentes - e feridas mais de 60.000, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.
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