Vírus 'zombies' congelados na Sibéria podem causar novas pandemias

Os micróbios estiveram retidos no gelo durante milénios mas, face ao aumento da atividade marítima na Sibéria, isso pode mudar.

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Notícias ao Minuto
22/01/2024 08:46 ‧ 22/01/2024 por Notícias ao Minuto

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Pandemia

A humanidade pode estar prestes a enfrentar uma nova (e bizarra) ameaça pandémica.

Existem vírus antigos congelados no pergelissolo do Ártico que poderão um dia ser libertados pelo aquecimento do clima da Terra e desencadear um grande surto de doenças, alertam os cientistas ouvidos pelo The Guardian. Variantes desses micróbios – ou vírus 'zombies', como também são conhecidos – já foram isoladas por cientistas que levantaram temores de uma nova emergência médica global.

Preocupados, os cientistas começaram a planear uma rede de monitorização do Ártico que identificaria os primeiros casos de uma doença causada por microrganismos antigos. Além disso, proporcionaria quarentena e tratamento médico especializado às pessoas infetadas, numa tentativa de conter um surto e evitar que estas abandonassem a região.

"Neste momento, as análises das ameaças pandémicas centram-se nas doenças que podem surgir nas regiões meridionais e depois propagar-se para norte", afirmou um dos cientistas envolvidos no projeto, Jean-Michel Claverie, ao The Guardian.

Existem vírus com "potencial de infetar humanos e iniciar um novo surto de doença", alertou ainda.

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A Organização Mundial da Saúde lançou o aviso de uma nova pandemia que poderia ser 20 vezes mais mortal do que a Covid-19. O Lifestyle ao Minuto falou com Hélder Pinheiro, médico infeciologista, e Miguel Castanho, cientista do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, para perceber melhor esta questão.

Adriano Guerreiro | 11:00 - 19/01/2024

Este ponto foi apoiado pela virologista Marion Koopmans, que explicou também que, mesmo não sabendo ao certo que vírus podem encontrar no gelo, "existe um risco real de haver um capaz de desencadear um surto de doença - por exemplo, uma forma antiga de poliomielite. Temos de partir do princípio de que algo deste género pode acontecer".

Já em 2014, Jean-Michel Claverie provou, em conjunto com uma equipa de cientistas, que vírus congelados na Sibéria ainda podiam infetar organismos unicelulares, apesar de terem estado enterrados no subsolo durante milhares de anos. Outros estudos também revelaram a existência de várias estirpes virais diferentes, capazes de infetar células em cultura. Uma das amostras de vírus tinha 48.500 anos.

"Os vírus que isolámos só eram capazes de infetar amebas e não representavam qualquer risco para os seres humanos", explicou Claverie, ao The Guardian, realçando que "isso não significa que outros vírus - atualmente congelados - não sejam capazes de desencadear doenças nos seres humanos. Identificámos vestígios genómicos de 'pox' e herpes, que são agentes patogénicos humanos bem conhecidos, por exemplo".

O pergelissolo cobre um quinto do hemisfério norte e é constituído por solo que foi mantido a temperaturas abaixo de zero durante longos períodos. Algumas camadas permaneceram congeladas durante centenas de milhares de anos, descobriram os cientistas.

Mas o pergelissolo mundial está a mudar. As camadas superiores das principais reservas do planeta – no Canadá, na Sibéria e no Alasca – estão a derreter à medida que as alterações climáticas afetam desproporcionalmente o Ártico. Segundo os meteorologistas, a região está a aquecer várias vezes mais rápido do que a taxa média de aumento do aquecimento global.

Leia Também: Alterações climáticas podem reduzir esperança média de vida humana

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