Malásia acusa ex-ministro de não declarar bens em escândalo de corrupção

A Malásia acusou um antigo ministro de não declarar bens, no mais recente avanço numa investigação sobre corrupção a várias pessoas ligadas ao ex-primeiro-ministro Mahathir Mohamed.

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Lusa
30/01/2024 06:25 ‧ 30/01/2024 por Lusa

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Malásia

O antigo ministro das Finanças Daim Zainuddin, de 85 anos, que tinha acabado de receber alta do hospital, compareceu, na segunda-feira, perante a justiça numa cadeira de rodas.

Daim declarou-se inocente da acusação de não declarar 71 bens, desde carros de luxo até uma série de empresas, propriedades e terrenos, crime punível com uma pena máxima de cinco anos de prisão.

No final da audiência no tribunal, Daim disse que o primeiro-ministro Anwar Ibrahim era "um lobo em pele de cordeiro que clamava por reformas", mas em vez disso abusou das instituições governamentais para perseguir os inimigos políticos.

O antigo ministro, que deixou o cargo há mais de 20 anos, defendeu que a investigação tem motivação política e os procuradores têm feito vista grossa à corrupção entre aliados do atual governo.

Daim lembrou que o Ministério Público acabou por retirar no ano passado 47 acusações de corrupção contra o atual vice-primeiro-ministro malaio, Ahmad Zahid Hamidi.

"Não estou muito preocupado com o meu destino agora. Deixem Anwar atirar tudo contra mim. Mas temo pelo destino do meu país", disse Daim.

Na semana passada, a esposa de Daim também se declarou inocente de uma acusação semelhante. Daim, um dos magnatas mais ricos do país, insistiu que os seus ativos no estrangeiro foram o resultado de atividades comerciais e investimentos legítimos.

Daim ocupou a pasta das Finanças entre 1984 e 1989 e novamente entre 1999 e 2001, no governo do então primeiro-ministro Mahathir Mohamed, atualmente com 98 anos.

Em novembro, também o líder da oposição da Malásia, Muhyiddin Yassin, acusou Anwar Ibrahim de "perseguição política organizada" para desacreditar o partido islamita Bersatu.

O antigo primeiro-ministro, de 75 anos, é alvo de sete acusações de corrupção e branqueamento de capitais apresentadas pela Comissão Anticorrupção da Malásia (MACC, na sigla em inglês).

Anwar Ibrahim negou que as acusações tenham motivação política. A MACC e o Ministério Público, cujos líderes foram nomeados por Muhyiddin, rejeitaram também que tenha havido interferência política na investigação.

Mahathir e Anwar têm dominado a política da Malásia nas últimas décadas. Mahatir nomeou Anwar como sucessor nos anos de 1990, antes de desentendimentos durante a crise financeira asiática.

Anwar foi posteriormente preso por corrupção e sodomia, acusações que, afirmou, foram inventadas para acabar com a sua carreira política.

A dupla reconciliou-se para vencer as eleições gerais de 2018 para derrubar a coligação liderada pelo Bersatu.

Mahathir tornou-se primeiro-ministro pela segunda vez, num acordo que exigia que entregasse mais tarde o poder a Anwar, uma aliança que voltou a cair devido a lutas internas.

Leia Também: Tribunal de Guantánamo pede 23 anos para homens ligados a ataques no Bali

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